segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Falling Down (1993)

Falling Down, ou Um Dia de Fúria, como é conhecido no Brasil, é uma produção americana dirigida por Joel Schumacher. Com o roteiro escrito por Ebbe Roe Smith, o filme tem 7,5 no IMDb.
Avenidas congestionadas. O medo vive nas cidades. Nas lojas e restaurantes o cliente raramente tem razão. A pressão da vida nas grandes cidades incomoda qualquer um. Mas para Willian Foster, isso tudo é mais do que um incômodo. Preso em um engarrafamento num dia quente de verão, Foster tem uma espécie de colapso nervoso devido ao calor e ao estresse. Emocionalmente perturbado, decide abandonar seu carro no local e seguir a pé para a casa de Beth, sua ex-mulher, e da filha, sem sequer reconhecer que o seu casamento já acabou há muito tempo. Porém, no decorrer do trajeto ele é gradualmente envolvido pela violência das ruas de Los Angeles, um pesadelo urbano que se torna absurdamente engraçado e violento. Em seu caminho, Foster vai eliminando quem cruza seu destino. Para ele, chegou a hora de dar o troco. Prendergast, um policial em seu último dia de trabalho antes de se aposentar, arrisca sua vida para tentar detê-lo.
O filme é narrado em uma única e gigantesca montagem paralela: uma dia na vida desses dois homens comuns, cada um tendo que lidar com os problemas do cotidiano e com uma situação fora do comum. É interessante observar a simetria perfeita que Schumacher conseguiu imprimir aos dois personagens principais. Ambos estão presos no mesmo engarrafamento quando o longa-metragem começa, e se encontram também no mesmo lugar quando o filme termina, com uma cena alegórica muito bonita. O recheio é de primeira qualidade. Schumacher faz comentários sociais corrosivos sobre o fracasso do “sonho americano” e não perde a oportunidade de alfinetar os curiosos hábitos comerciais das lanchonetes norte-americanas, em uma das sequências mais satíricas do filme. Na verdade, a construção psicológica do protagonista é uma das mais interessantes vistas no cinema americano recente. Ele tem uma lógica perfeita e uma explicação racional para cada um dos atos tresloucados que comete. Essas justificativas se ancoram, sempre, em algum tipo de idiossincrasia típica da sociedade americana, como a obsessão por armas de fogo, o fenômeno das gangues formadas por latinos ilegais e a xenofobia. A trajetória do personagen, que se enreda cada vez mais profundamente em um abismo sem saída que não consegue perceber, é ao mesmo tempo angustiante e bem-humorada; poucos filmes ousam trabalhar nessa fronteira com a desenvoltura deste aqui. Falling Down se constitui como a melhor obra da carreira de Schumacher, bem como um pequeno e subestimado clássico do cinema dos anos 90.
Falling Down foi rodado durante os distúrbios ocorridos na cidade de Los Angeles, em 1992. Para quem não sabe, foi a guerra civil em que Los Angeles se meteu em 1992 após o espancamento do negro Rodney King por policiais brancos. O que mais impressionou na época foram as cenas da revolta: jovens negros tomaram o bairro de South Central. Berço de Hollywood e segunda maior cidade dos Estados Unidos, Los Angeles foi abandonada pela polícia, que temia pela reação (justificada) da comunidade negra após o espancamento e absolvição dos policiais brancos. Morreram 60 pessoas. Incrível, foi há apenas 17 anos...
Vale a pena ver de novo (ou conhecer) a saga de Foster, um cara comum em guerra com as frustrações do dia a dia... As legendas em português estão aí...

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sábado, 15 de agosto de 2009

Eden Lake (2008)

Eden Lake, chamado no Brasil de Sem Saída, é dirigido por James Watkins. Dos mesmos produtores de Abismo do Medo, essa produção britânica tem nota 7,0 no IMDb.
Steve planejou um fim de semana romântico com a namorada à beira de um belo lago, onde pretende pedir a mão dela em casamento. Longe de tudo e de todos, o que parecia ser um fim de semana paradisíaco transforma-se num inferno quando os dois encontram um grupo de jovens e passam a ser aterrorizados por estes. É o começo de um confronto sórdido e sangrento.
A sinopse não traz nada de novo ao gênero, mas a abordagem intimista e realista do britânico James Watkins, que faz sua estréia na direção, é uma lufada de ar fresco no cinema de terror, típica de quem ainda não foi possuído pelos clichês comuns ao gênero. Ele dá ao filme um ritmo incansável, e a sua temática torna todo o discurso perturbador e aflitivo.
Eden Lake sem dúvida é um dos melhores thrillers de 2008. Trata de um tema atual, o bullying, e mostra um massacre físico e psicológico que culmina de forma inesperada e estrondosa. O filme é violento com todas as letras, transporta o clima da violência juvenil do Reino Unido de uma forma nua e crua. Não vive de efeitos especiais nem de gore, retrata de forma muito real a trama, o que também é reforçado por ótimas atuações, principalmente do grupo juvenil.
Eden Lake é a prova de que o survival horror é um gênero que sabe renovar-se cada vez que parece desgastado. Cada vez mais, parece que os ingleses sabem muito bem o que fazem! O filme é muito eficaz. Eden Lake não é um mero filme de sustos, é um retrato, realista e duro, de um interior esquecido e entregue a uma violência arcaica do ponto de vista de quem está habituado ao urbanismo civil de Londres. Talvez aí resida o seu maior mérito. É uma situação que pode acontecer a qualquer momento e com qualquer um, já que estamos falando de seres humanos e não de algo fantástico ou fantasmagórico.
Os 10 minutos finais são aterrorizadores, e é onde Eden Lake mostra-se perspicaz e brilhante. É neste ponto que o filme entra num caminho nunca visto num filme deste gênero – um caminho bem perigoso e polêmico.
O filme ficou inédito nos cinemas brasileiros. Mas é claro que você pode assistí-lo aqui, com legendas em português!

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sábado, 8 de agosto de 2009

Secret Window (2004)

Secret Window, ou Janela Secreta no Brasil, é uma produção americana dirigida por David Koepp, que também escreveu o roteiro. O orçamento de Secret Window foi de US$ 40 milhões, e tem nota de 6,4 no IMDb.
Um escritor bem sucedido de livros comerciais, Mort Rainey, está enfrentando uma crise pessoal após o fim de seu casamento e a separação de sua esposa adúltera, Amy, que o largou para ficar com Ted. Ele então decide se isolar numa cabana à beira de um lago em busca de paz, num belo local chamado Tashmore Lake. Mas não consegue escrever nada novo sofrendo de um bloqueio criativo por causa do divórcio traumático, utilizando a maior parte do tempo para dormir num sofá, num estado depressivo. Para complicar a situação, a aparente tranquilidade da cabana desaparece de vez quando um misterioso homem, John Shooter, um caipira vindo de Mississipi, surge subitamente e começa a atormentá-lo alegando que Rainey se beneficiou do plágio de um de seus melhores contos, que havia sido escrito vários anos antes, em 1997, e que somente o desfecho foi alterado. Diante disso, o estranho homem agora está exigindo uma reparação pública e indenização ou uma prova concreta do contrário num curto espaço de tempo de apenas 3 dias, pressionando de forma agressiva o escritor e demonstrando também possuir sinais de ser uma pessoa mentalmente perturbada e perigosa.
Envolvido involuntariamente num jogo mental de gato e rato, Rainey descobre ter mais astúcia e determinação do que jamais imaginou. Ao final, ele percebe que o evasivo Shooter talvez o conheça melhor do que ele conhece a si próprio.
O filme é baseado em um conto de Stephen King, o que mais uma vez comprova que as histórias do autor baseadas em personagens humanos, e não no sobrenatural, são aquelas que rendem os melhores filmes. Divertido é ver o filme imaginando que Mort Rainey, o escritor interpretado por Johnny Depp, é o próprio Stephen King.
David Koepp soube escolher muito bem a sua equipe técnica e conseguiu entregar um filme com características artísticas interessantes, movimentos de câmera muito bem planejadas e boa direção de atores. Secret Window evolui cada vez mais assustador, mas sempre mantendo a credibilidade. Mesmo quando pessoas começam a morrer, o espectador continua vendo coerência no roteiro conciso, quando qualquer outro diretor poderia se render ao exagero e ao absurdo. Um dos destaques do roteiro é deixar o espectador permanentemente na dúvida: afinal, Mort plagiou ou não a história de Shooter? Koepp acerta até ao criar situações de humor negro. Mas o mais curioso de Secret Window é o final surpresa, que poderá ser realmente chocante para alguns. A idéia é bem bolada e realmente faz sentido, sendo uma criativa conclusão para a trama.
Secret Window é um filme que realmente irá lhe render uma hora e meia de pura diversão e alguns bons sustos, além do bem bolado clima de mistério. Mesmo que não seja um novo clássico do gênero, nem tenha nada de tão espetacular, a produção é de excelente nível, com a direção segura e o roteiro perfeito de Koepp realmente prendendo o espectador do início ao fim, sem sustos gratuitos, situações absurdas ou reviravoltas forçadas. Uma verdadeira surpresa, que pode ser vista com legendas em português:

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Frailty (2001)

O talentoso ator Bill Paxton estreou na direção com um perturbador thriller de horror que trata de insanidade e o mal interior do Homem. Frailty (ou A Mão do Diabo no Brasil) entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em novembro de 2002, com um roteiro assustador do estreante Brent Hanley.
O FBI está à procura de um perigoso serial killer, que se autoproclama como "Mão de Deus". Até que surge Fenton Meiks, um misterioso homem que afirma conhecer a identidade do assassino e deseja falar com o agente que lidera as investigações, Wesley Doyle. De início o agente não se mostra impressionado com a afirmação de Fenton, mas fica curioso com a história e pede maiores explicações sobre ela. Fenton conta que o assassino é seu irmão, passando a narrar através de uma série de flashbacks sua perturbadora infância nas mãos de um pai que acreditava que o filho estava numa missão divina que consistia em destruir demônios que habitam corpos humanos.
A Mão do Diabo teve seu título nacional escolhido de forma equivocada, pois seria melhor algo como “Fragilidade”, numa tradução literal do nome original, pois segundo os produtores o título foi justamente escolhido por tratar da “fragilidade da percepção humana” (no início da produção o filme iria se chamar “God’s Hand” e com a entrada de Bill Paxton no projeto passou para o definitivo Frailty). O filme é um excelente thriller que investe mais na sugestão, no horror psicológico e na perturbação interior dos personagens, para contar sua história de loucura e maldade, apostando bem menos na exibição de sangue propriamente dito e trazendo elementos que lembram o clima de suspense característico dos melhores filmes de Alfred Hitchcock. Podemos também notar similaridades com outros diversos filmes do mesmo estilo como por exemplo “O Iluminado” , “Psicose” ou ainda “A Inocente Face do Terror”. Os personagens de Fenton e Adam tiveram uma terrível experiência de violência em sua infância deixando marcas profundas na condução de seus destinos e de suas interpretações sobre fé e loucura, além dos conceitos básicos do bem e do mal. A forma com que o pai tenta colocar na cabeça dos filhos a sua verdade chega a comover, e o roteiro apela para a inteligência do telespectador.
O roteiro é muito interessante apresentando um clima sombrio e opressor envolvido em reviravoltas e surpresas, que mantém uma expectativa constante sobre o público à medida em que ocorrem os eventos.
Filmado em apenas 37 dias e com um orçamento modesto de US$ 11 milhões, Frailty é uma prova que um bom filme de horror não precisa de sangue e dinheiro com efeitos especiais, e mostra que Bill Paxton tem muito talento igualmente atrás das câmeras.
Este é um filme que vai mexer com seus nervos. Frailty é um filme aterrorizante, poderoso e provocador. Além de tudo, tem um final surpreendente...
E você já sabe: o filme com legendas em português está aí...

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