domingo, 22 de novembro de 2009

Le Couperet (2005)

Le Couperet é uma co-produção entre Bélgica, França e Espanha dirigida por Costa-Gavras. Conhecido internacionalmente como The Ax e como O Corte no Brasil, tem nota 7,5 no IMDb. Cáustico e irreverente desde o primeiro minuto, esta adaptação do livro The Ax, de Donald E. Westlake, versa sobre um tema já abordado em outro filme europeu anti-globalização, El Método, feito no mesmo ano de 2005.
Bruno Davert é um executivo francês especialista em papéis, que perde seu emprego depois de 15 anos na mesma empresa, em um corte coletivo devido a fusões e incorporações empresariais. Dois anos depois ele continua desempregado e cada vez mais deprimido. Até que ele descobre uma solução para acabar com a concorrência no mercado de trabalho. Apesar de sua grande experiência e competência ele sabe que não é o único no mercado em busca de um bom emprego. Porém, ele tem um plano para eliminar a concorrência. Literalmente. Agora ele está disposto a tudo para conseguir um novo posto, inclusive partir para a ofensiva...
Le Couperet é um filme acima da média – um bom thriller, muito bem conduzido, roteirizado e com excelentes atuações. Costa-Gravas tem amor à polêmica, abordando assuntos bem espinhosos de maneira geralmente heterodoxa. O diretor faz a tensão nascer de quase nada, de um olhar, de um ruído, ou uma arma escondida. O jogo entre aquilo que é ocultado aos personagens mas que o espectador sabe sustenta o suspense. Num ambiente cru e realista e de uma forma quase leve, são levantadas questões de caráter político e social, onde podemos reconhecer, com medo, algo da nossa realidade, mais ou menos próxima. A forma de Costa-Gavras mostrar seu ódio pela globalização é horripilante, agressiva, perturbadora. É uma crítica social com uma pitada de humor negro ou um Falling Down com sotaque francês.
É fácil associar o crime e as medidas anti-sociais extremas às populações mais desfavorecidas ou com menos formação. Mas aqui, Costa-Gavras fala de um homem com formação superior que, ao contrário de alguns seus concorrentes que procuram trabalho em atividades menos qualificadas para continuar a sua vida, ele não concebe a mudança, nem de ramo nem de casa, por exemplo. O filme mostra o quanto um homem pode afogar-se em suas ambições, ilusões e desejos, e como a frustração destes pode radicalizar sua conduta. Bruno é uma personagem amoral, para quem os fins justificam os meios.
Uma curiosidade é que em Le Couperet há uma persistente campanha de publicidade de lingerie que nos distrai do que está a acontecer, da mesma forma que a sociedade se distrai com tudo que é material e superficial.
O filme vai mostrando de forma cadenciada a descrição de como o sistema funciona, de como pode ser ruim estar desempregado, arruinado. E o mérito do filme é este, mostrar como essa situação é desconfortável. Mostrar que uma pessoa é arruinada em sua vida em seus projetos, e o dia-a-dia é um desespero total.
Para variar, está previsto um remake desta fábula sobre o desemprego. Ficou interessado? Então lá vai, com legendas em português:

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Los Cronocrímenes (2007)

Hector é um homem de meia idade que entra acidentalmente em um dispositivo que o faz viajar no tempo e retornar 1 hora antes. Este acontecimento inusitado faz Hector encontrar a si mesmo, desencadeando uma série de eventos e gerando consequências desastrosas e incontroláveis numa elaborada trama onde não são permitidos acasos, nem acidentes.
Los Cronocrímenes é o primeiro longa de Nacho Vigalondo, também diretor do curta 7:35 de la Mañana, indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2005. Conhecido internacionalmente como Timecrimes, tem nota 7,2 no IMDb. Com orçamento relativamente baixo (dois milhões de euros) e investindo pesado em um conceito simples e engenhoso, que parte de um ângulo pouco explorado do sempre instigante tema da viagem no tempo, Los Cronocrímenes arrasou em festivais por todo o mundo, arrecadando vários prêmios. O diretor conseguiu chamar a atenção de Hollywood, que comprou os direitos e lançará um remake em 2011.
Vigalondo dirigiu, escreveu o argumento e também atua no filme. Abrindo mão de grandes atores, protagonistas atraentes, efeitos especiais e violência ou nudez gratuita, e considerando o plot complexo, o resultado final entregue é memorável. Desde o começo do filme você sabe o que vai acontecer, mas não entende exatamente como tudo começou ou como tudo terminará. Está exatamente aí o grande mérito do diretor: o filme é perfeitamente amarrado, mesmo que algumas pontas tenham dois nós. Também outro fator de sucesso é a direção cautelosa de Vigalondo, mesmo com todas as limitações de orçamento, ele sabe fazer a diferença e cria momentos tensos e preciosos.
Los Cronocrímenes consagra mais uma vez o cinema espanhol, com um argumento simplesmente genial, simples mas de uma complexidade absoluta, com substância. O roteiro engenhoso, a trilha sonora e a boa atuação do elenco fazem deste filme um dos grandes de 2007. Trata-se de um filme muito inteligente, cheio de pormenores significativos e com a sombra de algum sentido de humor. Los Cronocrímenes tranforma-se num triller de ficção científica cheio de tensão, levando o espectador a montar um excelente quebra-cabeças. Você se coloca por diversas vezes na pele de Hector, tamanha veracidade de como tudo se desenrola. Los Cronocrímenes é um filme angustiante, tenso, estranho e envolvente. Um suspense eficiente, mesmo não sendo tão original quanto de costume. O projeto tem uma premissa muito simples mas funciona perfeitamente, conseguindo ser muito além do que o espectador espera. Um filme onde a simplicidade é o ponto chave do sucesso. Para fazer muita gente ver como com pouco se faz muito.
É recomendável a quem assistir a ficar bem atento aos pequenos detalhes que servem de pistas para a intricada trama. É um daqueles filmes que exigem uma atenção extra do espectador. Se você é fã de filmes "cabeça" vai apreciar Los Cronocrímenes do começo ao fim. Se não for sua praia assista assim mesmo, mas esqueça as pipocas e outras distrações. Para quem assistiu vale uma reprisada, até para tirar algumas dúvidas que eventualmente tenham ficado da primeira vez. Vale a pena conferir! Ainda mais quando o torrent já acompanha as legendas em português, né?

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Loft (2008)

O que se pode esperar quando 5 homens decidem compartilhar um apartamento? 5 amigos, todos casados e que se conhecem bem decidem usar um Loft juntos. O objetivo é terem um lugar discreto para encontrarem amantes e casos fortuitos. Tudo corre como planejado, até que certa manhã um acontecimento trágico ocorre: uma jovem mulher desconhecida é encontrada morta nesse apartamento por um deles. Os 5 amigos começam a suspeitar uns dos outros, fazendo com que eles percebam que não se conhecem tão bem quanto pensavam.
Loft é um filme belga dirigido por Erik Van Looy, diretor de filmes como o elogiado The Alzheimer Case. O filme, falado em flamengo (uma variação de holandês falado na Bélgica) está bem cotado no IMDb com nota 7,7. Loft é considerado pela crítica uma obra-prima que entrou para a história do cinema da Bélgica.
Erik Van Looy acerta mais uma vez na direção. Loft tem uma bela fotografia, os cenários parecem de uma revista de design de interiores.
Lembra um pouco o filme The Usual Suspects, mas com uma história envolvendo amigos, amantes e traições. O filme demora um pouco para esquentar, mas logo o diretor nos leva a uma montanha-russa que quer sair do trilho. O roteiro é muito inteligente. Quando você acha que entendeu tudo o que aconteceu no apartamento ele toma outra direção, é como tentar segurar uma barra molhada de sabão. A ideia do filme é ótima, o filme é cheio de suspense e reviravoltas.
A maior realização de Van Looy é evitar o pecado que a maioria dos filmes do gênero cometem: a negligência dos personagens. Sem perder o ritmo, conseguimos realmente conhecer os peões de nosso jogo de xadrez, e as motivações de cada um começam a afundar, mesmo quando o personagem parece o suspeito mais provável. A narrativa do filme é não-linear, indo e voltando no tempo para contar os eventos que levaram à confusão em que os cinco amigos se envolveram.
Quando você tem uma boa história para contar, há muitas ferramentas que podem ser usadas para envolver o público. Os criadores cuidadosamente fizeram uso de vários fatores para tornar o filme cativante. Ele instiga o seu interesse, acordando o detetive particular escondido na mente do espectador. Você não apenas assiste ao filme, você participa dele. Durante mais de 90 minutos você pode sentir a tensão e o ritmo fantástico deste filme... Mas em nenhum momento se sente o realismo e emoção desaparecerem. O final é realmente inesperado e surpreendente. Palmas para o brilhante Erik Van Looy, que se mostra mais uma vez como um dos maiores diretores belgas! E não vamos esquecer do roteiro maravilhoso escrito por Bart De Pauw.
A Bélgica vem mostrando ultimamente que sabe fazer cinema de qualidade. É um filme bem acima da média se comparado com esses suspenses que são lançados constantemente. Loft é uma ótima diversão! É um filme ao estilo de Hollywood? Sim, mas não uma cópia de qualidade inferior.
Recomendado!!! Ótimo thriller, que você assiste aqui com legendas em português...

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