
Bruno Davert é um executivo francês especialista em papéis, que perde seu emprego depois de 15 anos na mesma empresa, em um corte coletivo devido a fusões e incorporações empresariais. Dois anos depois ele continua desempregado e cada vez mais deprimido. Até que ele descobre uma solução para acabar com a concorrência no mercado de trabalho. Apesar de sua grande experiência e competência ele sabe que não é o único no mercado em busca de um bom emprego. Porém, ele tem um plano para eliminar a concorrência. Literalmente. Agora ele está disposto a tudo para conseguir um novo posto, inclusive partir para a ofensiva...
Le Couperet é um filme acima da média – um bom thriller, muito bem conduzido, roteirizado e com excelentes atuações. Costa-Gravas tem amor à polêmica, abordando assuntos bem espinhosos de maneira geralmente heterodoxa. O diretor faz a tensão nascer de quase nada, de um olhar, de um ruído, ou uma arma escondida. O jogo entre aquilo que é ocultado aos personagens mas que o espectador sabe sustenta o suspense. Num ambiente cru e realista e de uma forma quase leve, são levantadas questões de caráter político e social, onde podemos reconhecer, com medo, algo da nossa realidade, mais ou menos próxima. A forma de Costa-Gavras mostrar seu ódio pela globalização é horripilante, agressiva, perturbadora. É uma crítica social com uma pitada de humor negro ou um Falling Down com sotaque francês.
É fácil associar o crime e as medidas anti-sociais extremas às populações mais desfavorecidas ou com menos formação. Mas aqui, Costa-Gavras fala de um homem com formação superior que, ao contrário de alguns seus concorrentes que procuram trabalho em atividades menos qualificadas para continuar a sua vida, ele não concebe a mudança, nem de ramo nem de casa, por exemplo. O filme mostra o quanto um homem pode afogar-se em suas ambições, ilusões e desejos, e como a frustração destes pode radicalizar sua conduta. Bruno é uma personagem amoral, para quem os fins justificam os meios.
Uma curiosidade é que em Le Couperet há uma persistente campanha de publicidade de lingerie que nos distrai do que está a acontecer, da mesma forma que a sociedade se distrai com tudo que é material e superficial.
O filme vai mostrando de forma cadenciada a descrição de como o sistema funciona, de como pode ser ruim estar desempregado, arruinado. E o mérito do filme é este, mostrar como essa situação é desconfortável. Mostrar que uma pessoa é arruinada em sua vida em seus projetos, e o dia-a-dia é um desespero total.
Para variar, está previsto um remake desta fábula sobre o desemprego. Ficou interessado? Então lá vai, com legendas em português:
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