sábado, 22 de maio de 2010

La Question Humaine (2007)

Conhecido também pelo título internacional Heartbeat Detector, ou no Brasil, A Questão Humana, La Question Humaine é uma produção francesa dirigida por Nicolas Klotz. Nota 6,2 no IMDb. O grande trunfo é o roteiro inteligente e polêmico baseado no livro de François Emmanuel. Foi vencedor de vários prêmios, inclusive o prêmio da crítica na 31ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. La Question Humaine encerra uma trilogia informal de Nicolas Klotz, iniciada com Paria (2000) e La Blessure (2004), sobre diferentes aspectos da estagnação econômica que assolou a França na última década.
Simon trabalha como psicólogo no departamento de recursos humanos da filial francesa de uma corporação petroquímica de origem alemã. Quando o vice-presidente lhe pede que investigue a vida de seu próprio presidente, suspeito de insanidade mental, a percepção de Simon torna-se perturbadoramente caótica e nebulosa. Mesmo convencido de seu papel messiânico, a experiência afeta seu corpo, sua mente, sua vida pessoal e sua sensibilidade. A segura convicção que o tornou um técnico tão rigoroso começa a falhar. O passado volta à tona durante o inquérito, revelando ligações indeléveis da empresa com o regime nazista.
La Question Humaine não é um filme de fácil digestão. A sinopse, abordando investigações e nazismo, pode até sugerir uma aventura policial ou coisa parecida. Mas não é nada disso. Com vários níveis e subníveis possíveis de leitura, trata-se uma obra riquíssima, de texto difícil mas fascinante, que faz uma irresistível provocação. Para o filme, o nazismo não morreu, ele apenas mudou de forma e modernamente se apresenta sob a formatação de grandes empresas multinacionais.
E aí está a idéia central e provocadora do filme: teria sido eliminada a ideologia nazista no final da 2ª Grande Guerra ou ela persistiria entranhada no funcionamento das grandes corporações, evidenciando-se na maneira como estas tratam seus funcionários? A desumana e delirante ideologia nazista, que pregava a supremacia racial e a eliminação dos mais fracos seria muito diferente da igualmente desumana e delirante ideologia da máquina de moer carne do mundo produtivo, que elimina impiedosamente todos aqueles tidos como “doentes” e “problemáticos” para seus fins?
Com poucas palavras e muita criação de clima, o diretor Nicolas Klotz pinta a corporação com total frieza. Os ambientes são amplos e áridos. Distantes. A fotografia trabalha com tons de azul e cinza. Todos se vestem impecavelmente de preto. Não se percebe sequer um elemento que sugira vida. Muito menos nos rostos daqueles pálidos funcionários que lá estão para serem forçados até o final de seus limites...
La Question Humaine é um filme para se ver, rever e pensar muito. O filme exige paciência do público, mas recompensa em dobro quem se dispuser a mergulhar fundo na história. Este drama de incontornável peso político dá o seu recado humanista com brilhantismo. Vamos conferir com legendas em português? O torrent está aí, só não esqueça de semear...

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4 comentários:

¿Doubter? disse...

Excelente post, Tomate.

Confesso que da primeira vez não consegui ver o filme todo.
Mas fiquei pensando nele durantes uns dois dias e me propus a ssistir de novo.
É realmente difícil e nada linear ou óbvio.
Acontece que, por bem mais que dois dias, ainda hoje recordo de certas referências do filme em diversas situações.

Obrigado e abraço!

Tomate disse...

¿Doubter?,
Realmente é um filme de ritmo lento no início. É preciso ter paciência até a metade do filme, pois depois começa a ficar mais claro o foco dado à desumanização gerada pelo sistema capitalista.
O tema é atualíssimo: o mercado de trabalho e as relações desumanas e competitivas. É um filme para se refletir!
Abraços...

LARISSA LIRA TOLLSTADIUS disse...

Gostei bastante da descrição do filme. E agradeço por vc disponibilizar o torrent.

Anônimo disse...

tremenda bobagem, é a velha mania francesa de usar a lente marxista em tudo qto é coisa, logicamente colocando o capitalismo como o maior vilão de todos. Nazismo, ou nacional socialismo alemão, era uma ideologia revolucionária que desejava colocar o homem ariano como centro do universo, criar uma nova sociedade através da concentração de poder no Estado (no comunismo o mote era o proletário), como todo socialista faz logicamente, reformar a sociedade de cima pra baixo. Até onde eu sei as empresas não possuem tal ideologia nem poder para tal revolução e reforma social, no caso francês então, de um Estado paquidérmico, babá do povo, endividado até a tampa por conta do chamado bem-estar social, a mensagem do filme contra o capitalismo soa mais patética ainda. Vale a pena assistir para perceber a que nível chega um ideologia (marxismo) para construir seus argumentos, sua retórica.