terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Paradox (2009)

Paradox, série inglesa exibida pela BBC One entre novembro e dezembro de 2009, foi considerada pela imprensa como uma versão para a TV de Minority Report. A série, que teve cinco episódios em sua primeira e única temporada, foi escrita por Lizzie Mickery. Tem nota 7,4 no IMDb.
Em Paradox, o Dr. Christian King é um físico que trabalha em uma empresa que presta serviços para o governo inglês tomando conta do satélite Prometheus. O cientista misteriosamente recebe um download automático não-autorizado do satélite que mostra imagens fragmentadas de acontecimentos que parecem ser do futuro.
Após receber as imagens e constatar que restam somente 18 horas para os acontecimentos ele entra em contato com a polícia local e pede para enviarem um detetive que seja inteligente e que tenha a mente aberta. A chefe de polícia então envia Rebecca Flint, uma detetive ambiciosa que vai averiguar a história do cientista.
Rebecca não leva a sério a possibilidade dos acontecimentos e acha que Dr. King irá explodir uma bomba. Ela junta uma equipe para investigar, formada pelos detetives Ben Holt e Callum Gada. Eles vão até a empresa de King e começam a investigar as imagens tentando achar uma lógica para os acontecimentos.
Durante a investigação descobrem que realmente se tratam de imagens do futuro e tentam a todo custo evitar que o acidente ocorra. Tudo o que se sabe é que as imagens foram transmitidas do espaço e servem de pista para o evento final, mas as possibilidades, nesse caso, são infinitas e incríveis. Enquanto o cientista tenta explicar a fonte das misteriosas fotos, a equipe corre contra o tempo para tentar evitar uma tragédia que nem mesmo eles sabem dizer qual é.
No início muitos detalhes aparecem e é difícil compreender o motivo de todos eles. Contudo, cena a cena, a série ganha fôlego e um ritmo viciante, que prende qualquer um numa onda de expectativas. Aos poucos os episódios e os personagens vão se tornando mais densos e verdadeiros. Além do mais, os detalhes estão ali por uma razão e tudo se explica ao longo dos episódios.
Paradox é uma série bem interessante para o estilo britânico de fazer seriados. Boas imagens e boas interpretações. A maneira como o roteiro é trabalhado realmente é de impressionar. A produção britânica mistura tensão e teorias científicas. O destaque é o modo como as histórias são conduzidas e ligadas, além da ótima trilha sonora de suspense que deixa você com o coração a mil.
Uma das características de quase todas séries inglesas é que como elas são mais realistas os eventos normalmente tendem a ser mais dramáticos. Além disso, normalmente as temporadas são curtas e têm poucos episódios, o que faz com que dificilmente o tema da série se esgote rapidamente.
Ficou interessado nessa série que tem o selo de qualidade da BBC? Então baixe logo, porque todos os episódios vêm com legendas em português!

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

De Zaak Alzheimer (2003)

Eric Vincke e Freddy Verstuyft são dois dos melhores detetives da polícia da Antuérpia. Quando investigam o desaparecimento de um oficial de alto escalão e a morte de duas prostitutas, as pistas os conduzem a Angelo Ledda, um assassino em fim de carreira. Desde que Ledda passou a mostrar sintomas do mal de Alzheimer, tornou-se difícil para ele cumprir seus contratos. Ao ser incumbido de assassinar uma garota de programa de apenas 12 anos, ele se recusa e transforma-se em alvo. Enquanto a dupla de oficiais o persegue e contabiliza os corpos, Ledda precisa fugir de seus empregadores. Mas quando percebe que está sendo usado em um jogo de poder político, decide mudar as regras do jogo.
De Zaak Alzheimer, conhecido no resto do mundo como The Alzheimer Case, é um filme belga dirigido por Erik Van Looy. Bem cotado no IMDb, tem nota 7,5. Este elogiado thriller policial foi o candidato da Bélgica ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2005. Ganhou sete prêmios e teve três indicações em festivais europeus. É baseado em um romance escrito por Jef Geeraerts, um dos melhores escritores da Bélgica quando se trata de romances policiais. Ele inclusive faz uma ponta, sentado num banco na delegacia de polícia. Os direitos para uma refilmagem americana já foram comprados.
É muito bom quando você assiste a um filme que poucas pessoas ouviram falar e se depara com um trabalho muito acima da média. É o caso de Alzheimer Case, um suspense policial de tirar o fôlego, capaz de deixar para trás muitos filmes americanos do gênero. O longa possui uma história muito bem conduzida e um vilão que causa simpatia nos espectadores, mesmo sendo um assassino profissional. Um filme imperdível!
Ótimo filme de ação, contando com excelentes atores em cenas vibrantes e bem feitas, além de um roteiro perfeito. A trilha sonora entra totalmente no clima de tensão, e a câmera segue de perto a ação. Tudo muito bem feito, contando com a criatividade de um produtor capaz e inteligente. A citação ao Mal de Alzheimer (doença que consome uma grande parte das pessoas idosas), foi de um brilhantismo a toda prova. Ledda tem que cumprir seus contratos antes que se esqueça dos objetivos de suas missões. Muito bom filme, digno de ser indicado ao Oscar.
O roteiro inclui ação, drama, corrupção política, dilemas éticos, e um bocado de violência. Uma raridade se assistir a um filme belga, ainda mais não falado em francês. Apesar do título dar a impressão de ser um drama, na verdade é um filme policial, bastante violento, bem dirigido, com muito clima. Embora a idéia do assassino recusar um caso e ir contra o Sindicato do Crime seja velha, tem reviravoltas diferentes que foram realizadas com eficiência.
Um assassino inteligente que dá trabalho para a polícia. Para quem gosta do gênero, é um filme tenso e fascinante. Mais uma produção acima da média de origem belga, que merece muito ser vista. Considerado por muitos como o melhor thriller policial já feito no país. Ficou interessado? Então não pense duas vezes, porque o filme já vem com legendas em português!

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domingo, 22 de novembro de 2009

Le Couperet (2005)

Le Couperet é uma co-produção entre Bélgica, França e Espanha dirigida por Costa-Gavras. Conhecido internacionalmente como The Ax e como O Corte no Brasil, tem nota 7,5 no IMDb. Cáustico e irreverente desde o primeiro minuto, esta adaptação do livro The Ax, de Donald E. Westlake, versa sobre um tema já abordado em outro filme europeu anti-globalização, El Método, feito no mesmo ano de 2005.
Bruno Davert é um executivo francês especialista em papéis, que perde seu emprego depois de 15 anos na mesma empresa, em um corte coletivo devido a fusões e incorporações empresariais. Dois anos depois ele continua desempregado e cada vez mais deprimido. Até que ele descobre uma solução para acabar com a concorrência no mercado de trabalho. Apesar de sua grande experiência e competência ele sabe que não é o único no mercado em busca de um bom emprego. Porém, ele tem um plano para eliminar a concorrência. Literalmente. Agora ele está disposto a tudo para conseguir um novo posto, inclusive partir para a ofensiva...
Le Couperet é um filme acima da média – um bom thriller, muito bem conduzido, roteirizado e com excelentes atuações. Costa-Gravas tem amor à polêmica, abordando assuntos bem espinhosos de maneira geralmente heterodoxa. O diretor faz a tensão nascer de quase nada, de um olhar, de um ruído, ou uma arma escondida. O jogo entre aquilo que é ocultado aos personagens mas que o espectador sabe sustenta o suspense. Num ambiente cru e realista e de uma forma quase leve, são levantadas questões de caráter político e social, onde podemos reconhecer, com medo, algo da nossa realidade, mais ou menos próxima. A forma de Costa-Gavras mostrar seu ódio pela globalização é horripilante, agressiva, perturbadora. É uma crítica social com uma pitada de humor negro ou um Falling Down com sotaque francês.
É fácil associar o crime e as medidas anti-sociais extremas às populações mais desfavorecidas ou com menos formação. Mas aqui, Costa-Gavras fala de um homem com formação superior que, ao contrário de alguns seus concorrentes que procuram trabalho em atividades menos qualificadas para continuar a sua vida, ele não concebe a mudança, nem de ramo nem de casa, por exemplo. O filme mostra o quanto um homem pode afogar-se em suas ambições, ilusões e desejos, e como a frustração destes pode radicalizar sua conduta. Bruno é uma personagem amoral, para quem os fins justificam os meios.
Uma curiosidade é que em Le Couperet há uma persistente campanha de publicidade de lingerie que nos distrai do que está a acontecer, da mesma forma que a sociedade se distrai com tudo que é material e superficial.
O filme vai mostrando de forma cadenciada a descrição de como o sistema funciona, de como pode ser ruim estar desempregado, arruinado. E o mérito do filme é este, mostrar como essa situação é desconfortável. Mostrar que uma pessoa é arruinada em sua vida em seus projetos, e o dia-a-dia é um desespero total.
Para variar, está previsto um remake desta fábula sobre o desemprego. Ficou interessado? Então lá vai, com legendas em português:

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Los Cronocrímenes (2007)

Hector é um homem de meia idade que entra acidentalmente em um dispositivo que o faz viajar no tempo e retornar 1 hora antes. Este acontecimento inusitado faz Hector encontrar a si mesmo, desencadeando uma série de eventos e gerando consequências desastrosas e incontroláveis numa elaborada trama onde não são permitidos acasos, nem acidentes.
Los Cronocrímenes é o primeiro longa de Nacho Vigalondo, também diretor do curta 7:35 de la Mañana, indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2005. Conhecido internacionalmente como Timecrimes, tem nota 7,2 no IMDb. Com orçamento relativamente baixo (dois milhões de euros) e investindo pesado em um conceito simples e engenhoso, que parte de um ângulo pouco explorado do sempre instigante tema da viagem no tempo, Los Cronocrímenes arrasou em festivais por todo o mundo, arrecadando vários prêmios. O diretor conseguiu chamar a atenção de Hollywood, que comprou os direitos e lançará um remake em 2011.
Vigalondo dirigiu, escreveu o argumento e também atua no filme. Abrindo mão de grandes atores, protagonistas atraentes, efeitos especiais e violência ou nudez gratuita, e considerando o plot complexo, o resultado final entregue é memorável. Desde o começo do filme você sabe o que vai acontecer, mas não entende exatamente como tudo começou ou como tudo terminará. Está exatamente aí o grande mérito do diretor: o filme é perfeitamente amarrado, mesmo que algumas pontas tenham dois nós. Também outro fator de sucesso é a direção cautelosa de Vigalondo, mesmo com todas as limitações de orçamento, ele sabe fazer a diferença e cria momentos tensos e preciosos.
Los Cronocrímenes consagra mais uma vez o cinema espanhol, com um argumento simplesmente genial, simples mas de uma complexidade absoluta, com substância. O roteiro engenhoso, a trilha sonora e a boa atuação do elenco fazem deste filme um dos grandes de 2007. Trata-se de um filme muito inteligente, cheio de pormenores significativos e com a sombra de algum sentido de humor. Los Cronocrímenes tranforma-se num triller de ficção científica cheio de tensão, levando o espectador a montar um excelente quebra-cabeças. Você se coloca por diversas vezes na pele de Hector, tamanha veracidade de como tudo se desenrola. Los Cronocrímenes é um filme angustiante, tenso, estranho e envolvente. Um suspense eficiente, mesmo não sendo tão original quanto de costume. O projeto tem uma premissa muito simples mas funciona perfeitamente, conseguindo ser muito além do que o espectador espera. Um filme onde a simplicidade é o ponto chave do sucesso. Para fazer muita gente ver como com pouco se faz muito.
É recomendável a quem assistir a ficar bem atento aos pequenos detalhes que servem de pistas para a intricada trama. É um daqueles filmes que exigem uma atenção extra do espectador. Se você é fã de filmes "cabeça" vai apreciar Los Cronocrímenes do começo ao fim. Se não for sua praia assista assim mesmo, mas esqueça as pipocas e outras distrações. Para quem assistiu vale uma reprisada, até para tirar algumas dúvidas que eventualmente tenham ficado da primeira vez. Vale a pena conferir! Ainda mais quando o torrent já acompanha as legendas em português, né?

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Loft (2008)

O que se pode esperar quando 5 homens decidem compartilhar um apartamento? 5 amigos, todos casados e que se conhecem bem decidem usar um Loft juntos. O objetivo é terem um lugar discreto para encontrarem amantes e casos fortuitos. Tudo corre como planejado, até que certa manhã um acontecimento trágico ocorre: uma jovem mulher desconhecida é encontrada morta nesse apartamento por um deles. Os 5 amigos começam a suspeitar uns dos outros, fazendo com que eles percebam que não se conhecem tão bem quanto pensavam.
Loft é um filme belga dirigido por Erik Van Looy, diretor de filmes como o elogiado The Alzheimer Case. O filme, falado em flamengo (uma variação de holandês falado na Bélgica) está bem cotado no IMDb com nota 7,7. Loft é considerado pela crítica uma obra-prima que entrou para a história do cinema da Bélgica.
Erik Van Looy acerta mais uma vez na direção. Loft tem uma bela fotografia, os cenários parecem de uma revista de design de interiores.
Lembra um pouco o filme The Usual Suspects, mas com uma história envolvendo amigos, amantes e traições. O filme demora um pouco para esquentar, mas logo o diretor nos leva a uma montanha-russa que quer sair do trilho. O roteiro é muito inteligente. Quando você acha que entendeu tudo o que aconteceu no apartamento ele toma outra direção, é como tentar segurar uma barra molhada de sabão. A ideia do filme é ótima, o filme é cheio de suspense e reviravoltas.
A maior realização de Van Looy é evitar o pecado que a maioria dos filmes do gênero cometem: a negligência dos personagens. Sem perder o ritmo, conseguimos realmente conhecer os peões de nosso jogo de xadrez, e as motivações de cada um começam a afundar, mesmo quando o personagem parece o suspeito mais provável. A narrativa do filme é não-linear, indo e voltando no tempo para contar os eventos que levaram à confusão em que os cinco amigos se envolveram.
Quando você tem uma boa história para contar, há muitas ferramentas que podem ser usadas para envolver o público. Os criadores cuidadosamente fizeram uso de vários fatores para tornar o filme cativante. Ele instiga o seu interesse, acordando o detetive particular escondido na mente do espectador. Você não apenas assiste ao filme, você participa dele. Durante mais de 90 minutos você pode sentir a tensão e o ritmo fantástico deste filme... Mas em nenhum momento se sente o realismo e emoção desaparecerem. O final é realmente inesperado e surpreendente. Palmas para o brilhante Erik Van Looy, que se mostra mais uma vez como um dos maiores diretores belgas! E não vamos esquecer do roteiro maravilhoso escrito por Bart De Pauw.
A Bélgica vem mostrando ultimamente que sabe fazer cinema de qualidade. É um filme bem acima da média se comparado com esses suspenses que são lançados constantemente. Loft é uma ótima diversão! É um filme ao estilo de Hollywood? Sim, mas não uma cópia de qualidade inferior.
Recomendado!!! Ótimo thriller, que você assiste aqui com legendas em português...

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sábado, 17 de outubro de 2009

Arlington Road (1999)

Michael Faraday é um professor universitário especializado em terrorismo. Sua esposa, uma agente do FBI, morreu em um tiroteio. Vivendo nos subúrbios de Washington, Faraday começa a suspeitar de seus novos vizinhos, Oliver Lang e sua esposa Cheryl, que ele conhece após salvar o filho do casal, Brady, de um acidente. Inicialmente suas suspeitas baseiam-se em uma pequena mentira contada por Lang. Desconfiado de que há algo de errado naquilo, ele começa a investigar o seu passado para tentar descobrir quem são seus vizinhos e o que eles realmente pretendem. Estaria ele mexendo com o perigo real ou sua cabeça estaria imaginando coisas que não existem? A cada momento, o mistério se aprofunda e as perguntas aumentam - com Faraday sendo consumido pelo medo e pela paranóia. Existe mesmo uma conspiração sendo tramada na Rua Arlington? Arlington Road, chamado de O Suspeito da Rua Arlington no Brasil, é dirigido por Mark Pellington e sua nota no IMDb é 7,2. É um forte suspense contemporâneo sobre as terríveis verdades que se escondem nas aparências do dia-a-dia. Arlington Road vai manter você em grande tensão ao revelar como nós sabemos muito pouco sobre o mundo que nos rodeia...
Arlington Road tem, entre muitas qualidades, uma que se destaca além das demais: é um filme que exprime, em uma trama excitante e imprevisível, uma das paranóias norte-americanas mais comuns, que é a desconfiança geral e irrestrita, a crença de que não se pode confiar em ninguém que não seja parte da família. De alguma forma, o filme de estréia de Mark Pellington atinge um nervo vital da sociedade dos EUA, que é esse problema da desconfiança. Associada ao medo do terrorismo, essa característica faz do filme uma peça de valor mais abrangente do que o simples entretenimento.
É importante destacar que esse filme é de 1999, ou seja, de antes do atentado terrorista que destruiu o World Trade Center, em Nova York. Portanto, o roteiro que descreve com precisão o sentimento de impotência da sociedade americana diante do terrorismo tem um mérito ainda maior.
O bom elenco valoriza bastante o maior trunfo do longa-metragem, que é o roteiro inteligente e cheio de reviravoltas do também estreante Ehren Kruger, que depois escreveria o terror The Ring. Esse é um filme que vai lhe fazer pensar, e deixar com uma interrogação na cabeça mesmo depois da projeção.
Tem certos filmes de terror que não conseguem deixar o espectador tão tenso como este! Eis aí um filme que deixa qualquer um grudado no sofá, com os olhos esbugalhados e com um peso no peito quando os créditos anunciam o seu final. O ritmo do filme é marcante e seu desfecho deixa qualquer um boquiaberto. A versão lançada em DVD traz um segundo final para o filme.
Uma trama inteligente e surpreendente, com um final inesperado e impactante. Fantástico. Vale a pena ver.
Filmaço recomendadíssimo, que você pode conferir aqui com legendas em português!!!

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domingo, 11 de outubro de 2009

El Método (2005)

El Método é um filme argentino-hispano-italiano de 2005 dirigido por Marcelo Piñeyro e baseado na obra teatral El Método Grönholm, do espanhol Jordi Galcerán. Seu título internacional é The Method, e no Brasil é conhecido como O Que Você Faria?. Sua nota no IMDb é 7,5.
Sete executivos disputam uma vaga numa empresa na mesma manhã em que Madri está sendo convulsionada por marchas de protesto contra a globalização e a política monetária do FMI, que ali realiza sua reunião. Logo são informados de que serão submetidos a uma seleção diferente da habitual - o chamado Método Grönholm. O grupo é deixado a sós numa sala fechada e, a partir de uma série de testes propostos pela empresa via computador, começam a interagir. De cara têm que descobrir quem é o agente da empresa infiltrado entre eles - já que o único funcionário que viram até então foi a secretária Montse, que os recebeu e os acompanha para fora da disputa com o mesmo imutável sorriso. São sete personalidades bem diferentes, mas, da jovem segura de si ao senhor machista, no começo todos acreditam ter o controle total sobre seu comportamento e suas emoções. Porém os jogos os colocam diante de várias situações limite e, sabendo que estão sendo constantemente observados e avaliados, chegam a um nível de tensão insuportável. O resultado são embates brilhantes - alguns dolorosos, outros bem cômicos. Afinal, ninguém quer ser um dos seis a perder a disputa.
El Método é um dos mais violentos panfletos que o cinema já fez contra o capitalismo, especialmente contra o capitalismo selvagem que se abateu sobre o mundo após o fim do comunismo, com as fusões e aquisições entre os grandes conglomerados e o aumento do desemprego.
Uma obra-prima. O texto é todo brilhante, e o diretor Marcelo Piñeyro, autor do belíssimo Kamchatka, de 2002, faz tudo funcionar com perfeição num ambiente claustrofóbico, de tirar o fôlego do espectador, de uma sala fechada de uma grande corporação. Um filme que tem pouquíssimos recursos visuais mas mesmo assim prende a atenção o tempo todo.
A tensão cresce mais e mais, até um ponto que nenhum ser humano decente poderia imaginar. Eles não serão mais seres humanos normais, educados, que estudaram muito, se encheram de pós-graduações e MBAs e doutorados – serão como gladiadores no circo romano. É matar ou ser morto. O filme tem um brilho especial, é uma maravilha. Não há falha alguma, por menor que seja. Todos os atores estão excelentes.
El Método é inclusive usado em aulas de Gestão de Recursos Humanos. Mostra a realidade do mundo competitivo. Até onde você iria para garantir o seu emprego? E até que ponto a empresa chega para buscar o funcionário considerado ideal? Um filme que nos faz refletir muito sobre ambos os lados.
Hermético, inteligente e divertido, El Método não significa muito mais do que algumas horas de entretenimento contextualizado de forma esperta, cheio de questões sociais. E nem precisa significar mais. Quem já tenha participado de processos de seleção encontrará aqui exemplos bem perto da realidade. Talvez seja por isso que a força das conclusões a que chegamos quando pensamos na capacidade do ser humano para ser predador dele mesmo sejam tão assustadoras.
Ficou curioso? Então assista logo, com legendas em português!

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Die Welle (2008)

Die Welle, chamado de A Onda no Brasil e de The Wave internacionalmente, é uma excelente produção alemã dirigida por Dennis Gansel que tem nota 7,5 no IMDb.
Rainer Wenger é um daqueles professores modernos que todos os alunos gostam: com sua camiseta da banda punk Ramones, planeja ministrar o tema anarquia durante a semana de disciplinas eletivas. Porém, a diretora acaba por lhe dar um tema diferente do combinado e agora ele terá que lecionar o tema autocracia (forma de governo na qual um único homem detém o poder supremo). Como forma de improviso, o professor decide dar uma aula diferente do convencional.
O professor começa então a realizar ações com os alunos que visam estabelecer um vínculo maior entre eles, como marchar no mesmo ritmo, sempre levantar para falar com o professor, chamar o professor sempre de senhor, usar uniforme, etc… Aqueles alunos que não tinham interesse nas aulas, que tinham ligações com seus grupos, com suas preferências específicas e suas identidades, começam a levar a sério esta proposta. Em pouco tempo, é criado um movimento denominado Die Welle, que faz com que os jovens criem um espírito de grupo que elimina as diferenças entre eles. A iniciativa traz uma série de benefícios, como uma maior aplicação dos alunos ao estudo e uma melhora significativa nas notas; um aluno que era discriminado anteriormente, quando entra para o movimento encontra um meio de se socializar e ser aceito pelos outros. A própria diretora da escola, impressionada com as mudanças, apoia o movimento. Mas a coisa vai longe demais...
Fortemente inspirado na experiência The Third Wave, de Ron Jones, Die Welle é um dos grandes filmes da nova safra de bons filmes alemães do momento. Como a maior parte dos filmes europeus, ele não é desproposital. Por trás de sua excelente história, temos uma excelente mensagem a respeito do nazismo. A experiência de Ron James, anteriormente, virou um romance, um curta metragem de 1981 para a televisão, no canal ABC, e agora este sensacional filme. Die Welle segue a risca a história descrita por James, cujos elementos do filme de 81 estão todos presentes, a não ser o final, que é arrebatador e fantástico nesta nova versão. Esta adaptação realizada pelo cinema alemão é quase um filme pedagógico, que faz com que a chamada responsabilidade histórica que os alemães possuem em relação ao Holocausto seja repensada e discutida. Um filme sobre a psicologia das massas: a escola aparece então como um microcosmo da Alemanha nazista, ou de qualquer nação sob o viés totalitário.
Die Welle mostra mais uma vez que os melhores filmes no quesito conteúdo se encontram ainda na Europa. O cinema europeu consegue retratar bem certos assuntos diferentes, que envolvem o cotidiano mas ao mesmo tempo mantém um certo clima surpreendente. O modo como o tema ditadura é abordado é impressionante. Enfim, vale a pena assistir e se chocar com Die Welle, que deixa um alerta: o que aconteceu em nosso passado não é impeditivo para que aconteça novamente.
Quer assistir a esse filmaço com legendas em português? Então fique à vontade...

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sábado, 19 de setembro de 2009

Mirageman (2007)

Anos atrás, quando era apenas uma criança, Maco Gutierrez sobreviveu a um trágico assalto que culminou no covarde assassinato de seus pais e no estupro do seu irmão caçula que, por consequência, acabou ficando com um grave distúrbio psicológico, vivendo em estado quase catatônico em um hospital psiquiátrico. No presente, Maco treina seu corpo e mente através de rigorosos exercícios físicos, artes marciais, dieta balanceada e auto-disciplina como forma de dominar sua própria agressividade e garantir que ele nunca mais seja vítima de ninguém, o que acaba sendo bastante útil no seu emprego como segurança de uma boate onde tem que lidar com clientes malas e um chefe escroto. Tudo muda quando durante uma corrida matinal, Maco presencia um assalto a uma residência e decide intervir. Primeiro ele nocauteia um assaltante e se apodera da sua máscara. Dentro da casa, Maco domina, com as mãos nuas, o resto dos bandidos facilmente e salva uma jovem que estava prestes a ser estuprada e sua família. Acontece que a tal jovem é Carol Valdivieso, uma repórter que passa a promover seu benfeitor no telejornal como um super-herói. Ironicamente, as notícias sobre o misterioso vigilante influenciam positivamente no estado mental do irmão de Maco, que passa a considerar seriamente a prosseguir em sua carreira heróica. Depois de um cuidadoso planejamento, Maco estréia nas ruas de Santiago como Mirageman, protetor dos fracos e oprimidos. Mas será que no mundo cínico e cruel de hoje apenas boas intenções podem fazer a diferença?
Excelente produção chilena merecidamente consagrada pelo público e crítica como um dos melhores filmes de super-herói já feitos. O filme foi premiado em festivais no Chile, e também foi escolhido o filme do ano de 2007 pela Rolling Stone chilena. Do ponto de vista criativo, Mirageman não faz feio perto de qualquer super-herói americano e ainda ganha pontos por ser um personagem totalmente original. O contexto realista da história extrapola ainda mais ao mostrar um sujeito absolutamente normal e comum em uma situação extrordinária. Maco não voa, não tem super-força, não sobe pelas paredes, não é rico e nem mesmo é muito inteligente. O filme fica ainda melhor ao mostrar a reação da sociedade em geral a um vigilante uniformizado. Curiosamente, o personagem título quase não tem falas, reforçando seu lado durão, o que não interfere nada na performance do ator que consegue passar toda a complexidade de Maco através do olhar e de gestos.
É o segundo filme do trio responsável por Kiltro, o primeiro filme de artes marciais da história do cinema chileno. Em Mirageman, o diretor e roteirista Ernesto Díaz Espinoza demonstra um grande senso de equilíbrio alternando muito bem elementos de drama, comédia e ação. A câmera de Espinoza durante as cenas de luta privilegia a excelente coreografia em vez da montagem superestimulante, comum a outros filmes do gênero. Outro ponto a destacar é a montagem e a música que dão ao filme um clima de seriado dos anos 70 e 80. Mais do que mostrar que um homem pode sim fazer a diferença, Mirageman é a prova de que um filme fantástico não precisa de orçamentos milionários e efeitos especiais de ponta para ser bom.
Mirageman, apesar de ser um filme recente, com a história de um herói mascarado puramente chileno que combate o crime pegando o ônibus, já se tornou um verdadeiro cult. Existem até vídeos virais com suas habilidades na internet, um deles com a aparição do Chapolim...
Esse sim é um filme que pode ser chamado de pérola, e que tem arrancado a atenção de muita gente. Está longe de ser algo comum, pois é um dos exemplos mais concretos de como humanizar um herói. Confira já este filme, que tem nota 7,0 no IMDb, com legendas em português!!!

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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

13 Game Sayawng (2006)

13 Game Sayawng, conhecido internacionalmente como 13 Beloved e como 13 Desafios no Brasil, é um thriller psicológico tailandês. Teve orçamento de apenas 400.000 dólares. Phuchit Puengnathong, ou simplesmente Chit, é um vendedor. Mora na cidade de Bangkok há algum tempo, e como não tem namorada (a última o deixou há alguns meses), a única coisa útil que faz é trabalhar, até que chega um dia em que tudo dá errado. Depois de ter sido passado para trás por um dos vendedores da sua empresa, ser demitido, ter seu carro guinchado e receber uma carta do banco relatando uma dívida de 80000 bahts, ele se sente o pior ser humano da face da Terra. Mas isto tudo está para mudar quando ele recebe um misterioso telefonema com uma oferta irrecusável. Se ele completar 13 desafios, ele receberá 100 milhões e ajeitará a sua vida para sempre. Só que ele não sabe quais são estes desafios. Mesmo assim ele aceita a proposta e a competição começa…
São 13 tarefas que ele deve cumprir, cada uma delas valendo um prêmio em dinheiro, suficiente para mudar completamente sua vida. A tarefa final vale 100 milhões. As únicas coisas que ele tem que fazer são as tarefas oferecidas e seguir 3 regras simples:
1ª: Se ele quiser desistir do jogo, ele perde tudo o que ganhou;
2ª: Se alguém descobrir que está jogando esse jogo, ele perde;
3ª: Se tentar contatá-los ou tentar descobrir a origem do jogo, ele perde.
Regras fáceis, que valem o sacrifício pelo prêmio final. Tudo começa de maneira simples, mas assim como qualquer jogo a dificuldade aumenta e o que se tem que fazer às vezes entra em conflito com alguns princípios morais…
O filme funciona bem e o roteiro é bem original, sendo tenso e ágil ao extremo em algumas das missões. As tarefas que são propostas a ele não são daquelas que ofereceriam a um matador de aluguel ou a um atleta, elas são perfeitas para ele, Chit, apenas um vendedor sedentário.
Como dá para perceber, 13 Beloved não é bem um filme de terror apesar do cartaz sugerir isso. Também não é bem um filme de suspense, tampouco chega a ser um drama. Talvez seja um pouco disso tudo misturado com um pouco de humor negro. O filme é cativante por ter um ritmo rápido, um ritmo de jogo, com acontecimentos importantes a todo momento. Quem assiste fica grudado na frente da tela curioso pra saber qual será o próximo desafio... por isso o filme é bom, sempre tem uma coisa nova a cada momento. Os desafios são interessantes, fortes e até engraçados. 13 Beloved é, por incrível que pareça, um filme que faz pensar, vestido numa roupagem de filme puramente para divertir. É um filme que mexe com as entranhas tanto durante as cenas nojentas quanto nas fortes e violentas, mas inevitavelmente você pensa: e se fosse eu no lugar dele? Aceitaria o desafio? Até onde eu iria chegar? Será que eu teria coragem de fazer isso?
13 Beloved é uma adaptação do episódio 13th Quiz Show, que faz parte da graphic novel My Mania, de Eakasit Thairaat. É o segundo filme de Chukiat Sakveerakul, que antes dirigiu Pisaj, filme de horror de 2004. O diretor disse que o filme é uma reflexão sobre o materialismo na sociedade tailandesa. O filme tem nota 7,0 no IMDb e já teve seus direitos comprados por um estúdio americano, o que deve significar um remake vindo por aí...
Existe um curta metragem chamado 12 Begin, que é um prequel e foi lançado como parte da campanha publicitária do filme. Uma sequência está em fase de pré-produção, chamada de 14 Beyond.
Quer assistir a esse filme, que recebeu várias premiações na Tailândia e em festivais internacionais, com legendas em português? Então está aí, ó...

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sábado, 5 de setembro de 2009

11:14 (2003)

A estrutura se assemelha à de Go e Pulp Fiction. Mas o enredo difere completamente. Desconhecido no Brasil, o cineasta norte-americano Greg Marcks estréia em longa-metragem com 11:14. Diretor e roteirista, recém-formado em cinema numa universidade da Flórida, havia feito antes apenas o curta Lector, em 2000. Com 11:14, de 2003, sua primeira incursão em longas, que no Brasil não passou pelos cinemas e foi direto para as locadoras, revela a vontade e a capacidade de propor uma narrativa pouco usual, mas sem maiores arroubos estéticos ou formais.
11:14 mostra uma série de eventos que convergem e acontecem inesperadamente às 11:14 da noite na pequena cidade de Middleton. Em seqüências inesperadas, as vidas de alguns moradores da cidade vão se envolvendo em cinco histórias diferentes que se desenvolvem ao redor de uma esperta, sexy - e instigante - adolescente. As coisas não param de acontecer fora do planejado por ela, com vários acidentes ocorrendo, jogando areia nos seus esquemas. Destaque para o elenco desta comédia dramática, com uma grande quantidade de nomes famosos presentes no elenco. Vai desde Patrick Swayze até a oscarizada Hilary Swank, passando pela talentosa Barbara Hershey e os jovens Shawn Hatosy e Colin Hanks (filho do ator Tom Hanks). Este é um daqueles filmes quebra-cabeças, com diferentes histórias paralelas que se entrecruzam até um final comum. Em uma pequena cidade, Jack está dirigindo e falando ao celular enquanto o relógio de seu carro marca 11:14. Ele atropela um homem. Depois de muito pensar no que fazer, ele coloca a vítima no porta-malas. Norma é outra motorista que passa pelo local e que acredita que o rapaz tenha atingido um veado; ela insiste em procurar o animal acidentado e acaba chamando a polícia. Quando o oficial Hannagan chega ao local, ele já está com dois outros detidos em sua viatura. Cansado de ler os diretos das pessoas e de executar toda a rotina da captura, ele leva Jack em cana sem muito discutir. Para um outro grupo de pessoas, esta noite também está sendo bem agitada. Entre elas, estão a balconista Buzzy, Cheri, que é filha de Norma, e uns adolescentes problemáticos. Com essas narrativas paralelas, o filme mostra do que algumas pessoas são capazes para salvar a própria pele e a das pessoas que amam. É uma fábula moral que mostra que nada de bom pode vir de atitudes erradas. O diretor e roteirista novato Greg Marcks vale-se para tanto de momentos cômicos e dramáticos.
A narrração é instigante. Os eventos não são improváveis, apenas bizarros, é isso o que torna as histórias interessantes. Há algumas tiradas de humor negro que funcionam.
Este filme tem boas críticas. Tem uma classificação de 7.3 no IMDB e é apelidado de inovador. No final das contas mostra-se uma produção que consegue entreter e deixar o espectador interessado. O filme não pretende fazer nenhum tipo de estudo de personagens ou analisar uma determinada situação do país, é um mero exercício de estilo do diretor, que resulta em um projeto diferente. É interessante acompanhar como as ligações entre os diferentes núcleos são estabelecidas, sempre apresentadas em poucos minutos, mas que se mostram bem satisfatórias.
Se você não acredita que desgraça pouca é bobagem, não perca a chance de ver esse filme! Com legendas em português, claro...

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Falling Down (1993)

Falling Down, ou Um Dia de Fúria, como é conhecido no Brasil, é uma produção americana dirigida por Joel Schumacher. Com o roteiro escrito por Ebbe Roe Smith, o filme tem 7,5 no IMDb.
Avenidas congestionadas. O medo vive nas cidades. Nas lojas e restaurantes o cliente raramente tem razão. A pressão da vida nas grandes cidades incomoda qualquer um. Mas para Willian Foster, isso tudo é mais do que um incômodo. Preso em um engarrafamento num dia quente de verão, Foster tem uma espécie de colapso nervoso devido ao calor e ao estresse. Emocionalmente perturbado, decide abandonar seu carro no local e seguir a pé para a casa de Beth, sua ex-mulher, e da filha, sem sequer reconhecer que o seu casamento já acabou há muito tempo. Porém, no decorrer do trajeto ele é gradualmente envolvido pela violência das ruas de Los Angeles, um pesadelo urbano que se torna absurdamente engraçado e violento. Em seu caminho, Foster vai eliminando quem cruza seu destino. Para ele, chegou a hora de dar o troco. Prendergast, um policial em seu último dia de trabalho antes de se aposentar, arrisca sua vida para tentar detê-lo.
O filme é narrado em uma única e gigantesca montagem paralela: uma dia na vida desses dois homens comuns, cada um tendo que lidar com os problemas do cotidiano e com uma situação fora do comum. É interessante observar a simetria perfeita que Schumacher conseguiu imprimir aos dois personagens principais. Ambos estão presos no mesmo engarrafamento quando o longa-metragem começa, e se encontram também no mesmo lugar quando o filme termina, com uma cena alegórica muito bonita. O recheio é de primeira qualidade. Schumacher faz comentários sociais corrosivos sobre o fracasso do “sonho americano” e não perde a oportunidade de alfinetar os curiosos hábitos comerciais das lanchonetes norte-americanas, em uma das sequências mais satíricas do filme. Na verdade, a construção psicológica do protagonista é uma das mais interessantes vistas no cinema americano recente. Ele tem uma lógica perfeita e uma explicação racional para cada um dos atos tresloucados que comete. Essas justificativas se ancoram, sempre, em algum tipo de idiossincrasia típica da sociedade americana, como a obsessão por armas de fogo, o fenômeno das gangues formadas por latinos ilegais e a xenofobia. A trajetória do personagen, que se enreda cada vez mais profundamente em um abismo sem saída que não consegue perceber, é ao mesmo tempo angustiante e bem-humorada; poucos filmes ousam trabalhar nessa fronteira com a desenvoltura deste aqui. Falling Down se constitui como a melhor obra da carreira de Schumacher, bem como um pequeno e subestimado clássico do cinema dos anos 90.
Falling Down foi rodado durante os distúrbios ocorridos na cidade de Los Angeles, em 1992. Para quem não sabe, foi a guerra civil em que Los Angeles se meteu em 1992 após o espancamento do negro Rodney King por policiais brancos. O que mais impressionou na época foram as cenas da revolta: jovens negros tomaram o bairro de South Central. Berço de Hollywood e segunda maior cidade dos Estados Unidos, Los Angeles foi abandonada pela polícia, que temia pela reação (justificada) da comunidade negra após o espancamento e absolvição dos policiais brancos. Morreram 60 pessoas. Incrível, foi há apenas 17 anos...
Vale a pena ver de novo (ou conhecer) a saga de Foster, um cara comum em guerra com as frustrações do dia a dia... As legendas em português estão aí...

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sábado, 15 de agosto de 2009

Eden Lake (2008)

Eden Lake, chamado no Brasil de Sem Saída, é dirigido por James Watkins. Dos mesmos produtores de Abismo do Medo, essa produção britânica tem nota 7,0 no IMDb.
Steve planejou um fim de semana romântico com a namorada à beira de um belo lago, onde pretende pedir a mão dela em casamento. Longe de tudo e de todos, o que parecia ser um fim de semana paradisíaco transforma-se num inferno quando os dois encontram um grupo de jovens e passam a ser aterrorizados por estes. É o começo de um confronto sórdido e sangrento.
A sinopse não traz nada de novo ao gênero, mas a abordagem intimista e realista do britânico James Watkins, que faz sua estréia na direção, é uma lufada de ar fresco no cinema de terror, típica de quem ainda não foi possuído pelos clichês comuns ao gênero. Ele dá ao filme um ritmo incansável, e a sua temática torna todo o discurso perturbador e aflitivo.
Eden Lake sem dúvida é um dos melhores thrillers de 2008. Trata de um tema atual, o bullying, e mostra um massacre físico e psicológico que culmina de forma inesperada e estrondosa. O filme é violento com todas as letras, transporta o clima da violência juvenil do Reino Unido de uma forma nua e crua. Não vive de efeitos especiais nem de gore, retrata de forma muito real a trama, o que também é reforçado por ótimas atuações, principalmente do grupo juvenil.
Eden Lake é a prova de que o survival horror é um gênero que sabe renovar-se cada vez que parece desgastado. Cada vez mais, parece que os ingleses sabem muito bem o que fazem! O filme é muito eficaz. Eden Lake não é um mero filme de sustos, é um retrato, realista e duro, de um interior esquecido e entregue a uma violência arcaica do ponto de vista de quem está habituado ao urbanismo civil de Londres. Talvez aí resida o seu maior mérito. É uma situação que pode acontecer a qualquer momento e com qualquer um, já que estamos falando de seres humanos e não de algo fantástico ou fantasmagórico.
Os 10 minutos finais são aterrorizadores, e é onde Eden Lake mostra-se perspicaz e brilhante. É neste ponto que o filme entra num caminho nunca visto num filme deste gênero – um caminho bem perigoso e polêmico.
O filme ficou inédito nos cinemas brasileiros. Mas é claro que você pode assistí-lo aqui, com legendas em português!

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sábado, 8 de agosto de 2009

Secret Window (2004)

Secret Window, ou Janela Secreta no Brasil, é uma produção americana dirigida por David Koepp, que também escreveu o roteiro. O orçamento de Secret Window foi de US$ 40 milhões, e tem nota de 6,4 no IMDb.
Um escritor bem sucedido de livros comerciais, Mort Rainey, está enfrentando uma crise pessoal após o fim de seu casamento e a separação de sua esposa adúltera, Amy, que o largou para ficar com Ted. Ele então decide se isolar numa cabana à beira de um lago em busca de paz, num belo local chamado Tashmore Lake. Mas não consegue escrever nada novo sofrendo de um bloqueio criativo por causa do divórcio traumático, utilizando a maior parte do tempo para dormir num sofá, num estado depressivo. Para complicar a situação, a aparente tranquilidade da cabana desaparece de vez quando um misterioso homem, John Shooter, um caipira vindo de Mississipi, surge subitamente e começa a atormentá-lo alegando que Rainey se beneficiou do plágio de um de seus melhores contos, que havia sido escrito vários anos antes, em 1997, e que somente o desfecho foi alterado. Diante disso, o estranho homem agora está exigindo uma reparação pública e indenização ou uma prova concreta do contrário num curto espaço de tempo de apenas 3 dias, pressionando de forma agressiva o escritor e demonstrando também possuir sinais de ser uma pessoa mentalmente perturbada e perigosa.
Envolvido involuntariamente num jogo mental de gato e rato, Rainey descobre ter mais astúcia e determinação do que jamais imaginou. Ao final, ele percebe que o evasivo Shooter talvez o conheça melhor do que ele conhece a si próprio.
O filme é baseado em um conto de Stephen King, o que mais uma vez comprova que as histórias do autor baseadas em personagens humanos, e não no sobrenatural, são aquelas que rendem os melhores filmes. Divertido é ver o filme imaginando que Mort Rainey, o escritor interpretado por Johnny Depp, é o próprio Stephen King.
David Koepp soube escolher muito bem a sua equipe técnica e conseguiu entregar um filme com características artísticas interessantes, movimentos de câmera muito bem planejadas e boa direção de atores. Secret Window evolui cada vez mais assustador, mas sempre mantendo a credibilidade. Mesmo quando pessoas começam a morrer, o espectador continua vendo coerência no roteiro conciso, quando qualquer outro diretor poderia se render ao exagero e ao absurdo. Um dos destaques do roteiro é deixar o espectador permanentemente na dúvida: afinal, Mort plagiou ou não a história de Shooter? Koepp acerta até ao criar situações de humor negro. Mas o mais curioso de Secret Window é o final surpresa, que poderá ser realmente chocante para alguns. A idéia é bem bolada e realmente faz sentido, sendo uma criativa conclusão para a trama.
Secret Window é um filme que realmente irá lhe render uma hora e meia de pura diversão e alguns bons sustos, além do bem bolado clima de mistério. Mesmo que não seja um novo clássico do gênero, nem tenha nada de tão espetacular, a produção é de excelente nível, com a direção segura e o roteiro perfeito de Koepp realmente prendendo o espectador do início ao fim, sem sustos gratuitos, situações absurdas ou reviravoltas forçadas. Uma verdadeira surpresa, que pode ser vista com legendas em português:

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Frailty (2001)

O talentoso ator Bill Paxton estreou na direção com um perturbador thriller de horror que trata de insanidade e o mal interior do Homem. Frailty (ou A Mão do Diabo no Brasil) entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em novembro de 2002, com um roteiro assustador do estreante Brent Hanley.
O FBI está à procura de um perigoso serial killer, que se autoproclama como "Mão de Deus". Até que surge Fenton Meiks, um misterioso homem que afirma conhecer a identidade do assassino e deseja falar com o agente que lidera as investigações, Wesley Doyle. De início o agente não se mostra impressionado com a afirmação de Fenton, mas fica curioso com a história e pede maiores explicações sobre ela. Fenton conta que o assassino é seu irmão, passando a narrar através de uma série de flashbacks sua perturbadora infância nas mãos de um pai que acreditava que o filho estava numa missão divina que consistia em destruir demônios que habitam corpos humanos.
A Mão do Diabo teve seu título nacional escolhido de forma equivocada, pois seria melhor algo como “Fragilidade”, numa tradução literal do nome original, pois segundo os produtores o título foi justamente escolhido por tratar da “fragilidade da percepção humana” (no início da produção o filme iria se chamar “God’s Hand” e com a entrada de Bill Paxton no projeto passou para o definitivo Frailty). O filme é um excelente thriller que investe mais na sugestão, no horror psicológico e na perturbação interior dos personagens, para contar sua história de loucura e maldade, apostando bem menos na exibição de sangue propriamente dito e trazendo elementos que lembram o clima de suspense característico dos melhores filmes de Alfred Hitchcock. Podemos também notar similaridades com outros diversos filmes do mesmo estilo como por exemplo “O Iluminado” , “Psicose” ou ainda “A Inocente Face do Terror”. Os personagens de Fenton e Adam tiveram uma terrível experiência de violência em sua infância deixando marcas profundas na condução de seus destinos e de suas interpretações sobre fé e loucura, além dos conceitos básicos do bem e do mal. A forma com que o pai tenta colocar na cabeça dos filhos a sua verdade chega a comover, e o roteiro apela para a inteligência do telespectador.
O roteiro é muito interessante apresentando um clima sombrio e opressor envolvido em reviravoltas e surpresas, que mantém uma expectativa constante sobre o público à medida em que ocorrem os eventos.
Filmado em apenas 37 dias e com um orçamento modesto de US$ 11 milhões, Frailty é uma prova que um bom filme de horror não precisa de sangue e dinheiro com efeitos especiais, e mostra que Bill Paxton tem muito talento igualmente atrás das câmeras.
Este é um filme que vai mexer com seus nervos. Frailty é um filme aterrorizante, poderoso e provocador. Além de tudo, tem um final surpreendente...
E você já sabe: o filme com legendas em português está aí...

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Koroshiya 1 (2001)

Koroshiya 1 (Ichi The Killer, título internacional, ou Ichi - O Assassino, no Brasil) é um filme japonês de 2001, baseado no mangá de Hideo Yamamoto. Filme dirigido por um dos grandes realizadores do cinema oriental da atualidade, Takashi Miike. Seu estilo de cinema que explora a violência não só visual, mas principalmente a psicológica pode ser vista nessa história que mostra a ação da máfia japonesa, a Yakusa. Quando um chefão desaparece carregando uma fortuna de três milhões de yens, os membros de sua gangue, dirigidos por um novo e cruel líder, partem em busca dele. Porém, os métodos violentos do novo líder desagradam outros setores da Yakusa, deixando a organização à beira de uma guerra. É quando alguém contrata um assassino misterioso que tem uma infância obscura e traços de psicopatia para dar fim aos planos do novo líder.
Há um fato concreto: os filmes de Takashi Miike não são para qualquer um, principalmente para os que não têm estômago fraco. Já dirigia filmes desde 1990, mas tornou-se conhecido no final da década de 90 com Audition, que passou por diversos festivais em todo mundo. A partir de então firmou o seu estilo e as suas principais características: geralmente obras sobre a yakuza, extremistas, violentas e, de certa forma, com doses de humor. Lançou grandes filmes como Visitor Q, Dead or Alive, Imprint (da série Masters of Horror), entre outros.
O cineasta veio ao mundo para chocar. Seus filmes contêm imagens fortes e personagens que fariam o mais bárbaro dos seres humanos corar de vergonha. O frenesim inicial vai tomando forma aos poucos, dando espaço para as sequências sanguinárias e sádicas, para os litros e litros de sangue que jorram na tela enquanto corpos e membros voam por todos os lados, espancamentos, torturas, prostitutas e masoquistas. Um ambiente próximo do surreal. Ao ler isso pode parecer que é um filme B, mas a habilidade do realizador em executar as cenas, conduzir os atores, de criar uma atmosfera violenta, insana e ao mesmo tempo cômica, torna tudo mais interessante. Junte tudo isso a uma fotografia forte e pesada e uma trama narrada nos moldes de um mangá, cheia de surpresas e situações inimagináveis. O resultado é algo que faria Tarantino ficar enjoado e maravilhado ao mesmo tempo. Se não fosse a segurança de Miike na realização, o filme poderia cair ou para o tosco ou para o caricato demais. É exatamente esse limite, essa extremidade que faz do seu trabalho algo especial, inovador e diferente. Ichi The Killer não é para qualquer um. É uma obra forte, pesada e violenta, de um realizador corajoso e inteligente, com um estilo muito peculiar e que sabe até onde pode conduzir as suas ideias e técnicas. Com protagonistas muito bem trabalhados e um ambiente que mistura surrealismo com um pouco de comédia, Ichi The Killer constitui um verdadeiro cult vindo do país do sol nascente e realizado por um dos seus mais famosos, mas ao mesmo tempo polêmicos diretores. Para muitos é seu melhor filme.
Algumas lendas acerca do filme: o esperma usado na sequência inicial do filme é real e foi fornecido pelo diretor e ator japonês Shinya Tsukamoto, que interpreta a personagem do policial aposentado. Miike no entanto achou que o esperma fornecido por Tsukamoto era em quantidade insuficiente, e ordenou a outros três membros da equipe de filmagens que fizessem o que pudessem para encher o recipiente com mais esperma. Outra história é sobre a cena em que a personagem Sailor, interpretada pela atriz Mai Goto, é espancada. Segundo o roteiro só deveriam existir três socos. Como Miike não gostava muito da atriz, alterou a cena e elevou o número de socos para quinze!
O filme tem uma respeitável nota de 7,2 no IMDB. E aqui você tem a oportunidade de assistir a versão sem cortes, com legendas em português...

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domingo, 26 de julho de 2009

Merlin (2008)

Merlin foi criada pelo estúdio independente Shine Television e ganhou as TVs do Reino Unido pela BBC One. Na estréia, em seu primeiro episódio, a série conquistou uma média de 6.6 milhões de telespectadores, caindo para 4.9 milhões em seu segundo episódio. O terceiro reconquistou parte de sua audiência, tendo 5.7 milhões subindo para 6.3 milhões no quarto episódio. Com seus direitos comprados por mais de 115 países, inclusive pela NBC dos EUA, a série já teve confirmada a sua segunda temporada, prevista para setembro de 2009 ou janeiro de 2010.
A primeira temporada de Merlin, transmitida em 2008, é dividida em 13 episódios que contam como esse jovem aparentemente comum acabou se envolvendo com a magia e seus primeiros conflitos com um também jovem e impetuoso príncipe Arthur, que ainda não era rei.
A história em si é conhecida. Mas teve algumas mudanças radicais, como o fato de Merlin ser um adolescente. A série conta a história do jovem Merlin que chega à cidade de Camelot, onde reina Uther Pendragon (pai de Arthur). Uther baniu toda a magia do reino e caçou até quase à extinção todos os dragões, aprisionando o último no seu castelo. Merlin torna-se aprendiz de Gaius, o médico da corte, que rapidamente descobre que Merlin é super dotado nas artes da magia. Torna-se então necessário proteger este segredo pois a magia é punida com a morte. Merlin começa então uma relação atribulada com Arthur, um jovem arrogante mas que necessita da sua ajuda para se tornar o tão conhecido Arthur fundador de um reino onde a justiça impera e todos são vistos como iguais. A série televisiva afasta a história da sua versão original de modo a criar um enredo comercial. Mas o que parece uma decisão errada acaba dando certo, pois a série cativa qualquer um. Além de contar com ótimas atuações, os efeitos especias e os cenários também são acima da média. Pena que a história escrita por Geoffrey of Monmouth e Thomas Malory seja tão alterada.
Com influências de Harry Potter e Smallville, a série tem nota de 7,7 no IMDb. Quer assistir a primeira temporada inteirinha com legendas em português? Então aproveitem, porque vale a pena!

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domingo, 12 de julho de 2009

Das Experiment (2001)

Das Experiment (A Experiência no Brasil ou The Experiment, título internacional), é um sufocante thriller alemão dirigido por Oliver Hirschbiegel. É baseado no livro Black Box, de Mario Giordano, escrito a partir de uma série de experimentos reais similares que ficaram conhecidos como “Stanford Prison Experiment” que ocorreram em 1971.
Uma equipe de cientistas arregimenta 20 presos para uma experiência psicológica em troca de um prêmio em dinheiro. Os prisioneiros são divididos em dois grupos: oito deles fazem o papel de guardas e os outros 12, de internos. As cobaias são isoladas numa área da penitenciária onde certas regras devem ser obedecidas e mantidas pelos guardas. No início, a camaradagem reina no ambiente. Mas a violência não tarda a explodir quando um ex-repórter disfarçado de preso lidera um motim. Logo a promessa de dinheiro fácil se dilui em jogo de poder no qual ambos os lados se chocam em busca da supremacia. Um jogo perigoso que transgride todos os limites morais e éticos e leva seus participantes ao limite de seus instintos e convicções.
Com nota de 7,9 no IMDb, Das Experiment foi o representante alemão do Oscar 2002 de melhor filme estrangeiro. O diretor sabe criar suspense e uma sensação incômoda de expectativa, além de ter um preciso olho estético. O filme cria um clima que vai ficando mais pesado, mais claustrofóbico à medida que a história segue adiante. O experimento real foi cancelado, mas Das Experiment pondera em cima do "o que aconteceria se tivesse ido adiante?".
O que chama mais a atenção é a discussão proposta acerca da natureza do homem, “naturalmente agressivo, cientificamente provocado”. Sua capacidade de subjugar seu lado racional e, com um aval oficial, se entregar a instintos que, talvez, nunca deixasse aflorar em outra circunstância. Com um argumento pungente e temática forte, Das Experiment pinta um retrato perturbador de nossos semelhantes e até de nós mesmos, deixando uma desconfortável pergunta no ar: como reagiríamos a uma situação extrema?
Ótimo filme! Arrepiante e polêmico, Das Experiment é o tipo de filme que não permite que você fique indiferente. É um retorno a aqueles suspenses de deixar na ponta da cadeira de nervoso e impaciência. Tão bom que Hollywood está preparando um remake...
E o filme com as legendas em português encontram-se aqui, como sempre!

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Martyrs (2008)

Depois de uma passagem pelo oriente, o terror parece ter encontrado seu lugar na Europa. O cinema de horror francês é atualmente um dos mais violentos e perturbadores, com filmes tensos e carregados de gore em roteiros que prendem a atenção e que, principalmente, ficam na memória do espectador. Há alguns anos tem exportado uma leva de filmes não recomendados para quem tem coração fraco e estômago sensível, como Haute Tension, Ils, Frontière(s) e À l'intérieur. Seu filho mais novo, Martyrs, se distingue de seus outros parentes pois escolhe lidar com seu assunto e seu pedigree com uma reflexão mais intensa.
Causou grande comoção no 8º Toronto International Film Festival, dividindo opiniões. Filme polêmico por mostrar violência de forma crua e realista em suas cenas, provocou enorme reação na França pelo fato da censura tê-lo classificado para 18 anos. Após muito apelo dos realizadores foi reclassificado como 16 anos. É provavelmente o mais original e mais perturbador filme de horror da década.
Lucie, uma garota de 10 anos, esteve desaparecida por um ano quando é finalmente encontrada num distrito industrial, louca e desorientada, sem conseguir contar o que aconteceu. Seu corpo apesar de maltratado não tem indícios de violência sexual, então é levada a uma instituição para crianças onde se afeiçoa a outra garota chamada Anna, que passa a cuidar dela e estreitar os laços de amizade para que supere a experiência traumática que viveu. 15 anos depois, Lucie está completamente fora de controle, em busca dos responsáveis por todo aquele sofrimento, envolvendo Anna em acontecimentos com consequências imprevisíveis.
Terrivelmente violento e recomendado para quem tem estômago forte, em Martyrs o esmagador talento do diretor Pascal Laugier renova de maneira explosiva o cinema de terror. Ele vai conduzindo o espectador por um emaranhado de dúvidas que só parecem aumentar, mantendo o clima tenso. Este não é um filme que revela sua patologia com facilidade, a impressão é de que a cada 10 minutos o filme dá uma reviravolta mudando totalmente seu estilo. O filme sofre uma série de metamorfoses, passando de filme de vingança, a terror, a suspense e chegando a ser inclusive um filme de crueldade, e no final não é nada disso. Martyrs acaba não pertencendo a nenhum desses gêneros em que trafega. Essa é a surpresa do filme, descobrir do que se trata, e a revelação acaba sendo não só incômoda mas de uma dimensão inimaginável.
Um filme que exige bastante psicologicamente do espectador, mas que no final das contas lhe deixará maravilhado. Uma das coisas que torna Martyrs especial é ver a evolução e o desenvolvimento da trama, ficar esperando o que irá acontecer logo em seguida.
A parte técnica como um todo é impecável. Várias sequências tiram o fôlego. A atuação das duas protagonistas é digna de destaque. No que diz respeito ao terror, vários sustos e tonéis de sangue garantem essa parte, mesmo que o forte seja a história. Idem para o suspense, a trama prende, não perde ritmo nem sentido em nenhum momento, fazendo com que olhos fiquem bem abertos até a hora dos créditos.
Com certeza é um filme que se sustenta não só de imagens fortes, mas também de certa reflexão sobre a curiosidade mórbida do ser humano. Martyrs não é um filme de terror com mortes, mas sobretudo, sobre a morte. Seria mais fácil assistí-lo se fosse mais um filme onde o sobrenatural se encarrega de justificar e legitimar os acontecimentos. Martyrs no entanto, é mais chocante e aterrorizante porque se baseia em elementos reais da curiosidade humana.
São filmes como Martyrs, que ao se voltarem ao meio da violência para dela extraírem algo e a analisarem, nos mostram que ainda há território a ser explorado dentro do gênero. Quem disse que o terror não pode ser inovador e inteligente?
Quer dar uma espiadinha? Então está aqui, com legendas em português:

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domingo, 5 de julho de 2009

Dark City (1998)

O segundo longa metragem de ficção científica do diretor australiano Alex Proyas é a mais perfeita tradução de uma história em quadrinhos filmada, ambientada em um mundo estranho e sombrio... Dark City parece ser um dos film noir mais merecedores desse nome. Uma atmosfera visual cuidadosamente construída é um dos seus principais trunfos.
Em uma cidade em que é sempre noite, John Murdoch acorda em um quarto de hotel que ele não conhece, e descobre que está sendo procurado por uma série de assassinatos brutais. O problema é que ele não se lembra de ter cometido os crimes. Na verdade, a maior parte de suas lembranças simplesmente desapareceram. Talvez ele tenha enlouquecido. Ou talvez exista um motivo para essa estranha perda de memória. Perseguido pelo detetive Bumstead e contando apenas com a ajuda do Dr. Sehreber, Murdoch tem pouco tempo para descobrir o que está acontecendo com ele e com sua cidade. Por que é sempre noite? E por que ninguém pode lhe dizer como sair da cidade? Uma trama misteriosa e inteligente, que não vai deixá-lo esquecer deste filme por muito tempo.
Considerado por muitos como um dos filmes mais incomprendidos da década de 90, Dark City (ou Cidade Das Sombras, no Brasil) tem nota de 7,8 no IMDb. O filme tem um suporte visual muito forte, mas não é destituído de idéias e de conceitos. Dark City tem um claro embasamento filosófico, onde os seres e poderes fantásticos compõem uma trama que questiona a formação da identidade humana, tanto nos aspectos mais individuais como na construção de uma memória coletiva.
O filme tem fortes traços do expressionismo alemão, mostrando influências de obras como 'Metropolis'. Além de tudo foi referência para filmes como 13° Andar e Matrix (que inclusive teve algumas acusações de plágio, como você pode ver aqui).
Quer conferir a versão Director's Cut desse filmaço? Então não pense duas vezes, ele já vem com legendas em português...

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terça-feira, 30 de junho de 2009

Dare Mo Shiranai (2004)

A pretexto de buscar a sua própria felicidade, uma mãe pode abandonar seus quatro filhos?
Um caso real ocorrido em 1988 em Tóquio – que ficou conhecido como “os quatro abandonados de Nishi-Sugamo” - é o tema do filme Dare Mo Shiranai (Ninguém Pode Saber, no Brasil, e Nobody Knows, título internacional), do diretor japonês Hirokazu Koreeda. O fato, que comoveu a opinião pública na época, aconteceu com uma família de classe média baixa em dificuldades.
Quatro irmãos mudam-se com sua mãe para um pequeno apartamento em Tóquio. A mulher é mãe solteira, os filhos têm pais diferentes que não assumiram os filhos e as crianças sequer estão matriculadas numa escola. Quando a mãe alugou o apartamento, apresentou ao proprietário apenas o filho mais velho, de 12 anos, Akira, já que não eram aceitas famílias com mais de três pessoas no prédio. Apenas ele entra caminhando normalmente no novo apartamento, com os outros chegando escondidos em malas. Ninguém pode ficar sabendo que mais de três pessoas vivem ali, sob o risco de serem despejados. Tudo vai bem até que, um certo dia, a mãe vai embora, deixando para Akira um bilhete e um pouco de dinheiro. Começa então o duro processo de amadurecimento precoce de Akira. Eles, temendo serem separados, durante seis meses fingem que nada aconteceu e continuam tentando sobreviver no pequeno apartamento onde a família morava.
Narrado em tom documental, o filme é perturbador. Seguindo a cronologia das estações do ano, Hirokazu vai mostrando a degradação física das crianças abandonadas pela mãe. À medida que elas crescem vão ficando mais magras e sujas, vivendo num local que se aproxima cada vez mais de um chiqueiro, sem água, sem luz e sem gás, cortados por falta de pagamento. A comparação com situações vividas por outras crianças no Japão e em outros lugares do mundo é inevitável.
Hirokazu é mais um cineasta que utiliza sua câmera para contar histórias e ao mesmo tempo denunciar a injustiça e a ausência de valores básicos no mundo de hoje, cada vez mais desumano, insensível e egoísta. Evitando sentimentalismos e investindo na sutileza, ele não quer mostrar apenas a degradação dos valores na nossa cultura atualmente, mas também ressaltar a riqueza da relação entre os irmãos , que ao lado do medo e da tristeza, mantiveram durante todo o tempo fortes laços de compreensão e solidariedade.
A interpretação do personagem Akira deu ao jovem Yagira Yuya o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 2004, onde o filme concorreu à Palma de Ouro.
Com 8,1 no IMDb, Dare Mo Shiranai é um drama devastador, emotivo e envolvente. E é claro, você o encontra aqui, com legendas em português...

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Banlieue 13 (2004)

Banlieue 13 (ou B13 - 13º Distrito, no Brasil) é um filme de ação francês. A história se passa no subúrbio de Paris, no ano de 2010. O bairro é abandonado pelas autoridades, teve suas escolas fechadas e com o intuito de combater a criminalidade, foi construído um muro ao seu redor, sob autorização do governo federal. Ninguém consegue controlar o 13º Distrito, dominado pela criminalidade, tráfico de drogas e inclusive corrupção policial.
Damien faz parte da elite da polícia, e o governo entrega-lhe a missão mais difícil da sua carreira: uma arma de destruição em massa foi desviada pela gangue mais poderosa do 13º Distrito, e ele terá que se infiltrar no local mais perigoso da cidade para desativar e recuperar o artefato. Damien vai aliar-se a Leïto, cujo objetivo é salvar a sua irmã que caiu também nas mãos dessa gangue, e é o único a conhecer o bairro nos seus mais perigosos recantos.
David Belle, que interpreta Leïto, traz nesse filme com muita ação a arte do Le Parkour para o público mundial. Mas o que é Parkour? Ele, que é fundador da arte, assim define: "Parkour é uma atividade física que é difícil de categorizar. Não é um esporte radical, mas uma arte ou disciplina que assemelha-se à auto-defesa nas artes marciais. O espírito no Parkour é guiado em parte a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência. Você deve se mover de tal maneira, com quaisquer movimentos, para ajudá-lo a ganhar mais base possível de alguém ou em alguma coisa, quer seja escapando daquilo ou caçando em direção a isso. Assim, havendo uma confrontação hostil com uma pessoa, você terá que conversar, lutar ou esquivar. Como as artes marciais são uma forma de treinamento para a luta, Parkour é uma forma de treinamento para a fuga. Devido a dificuldade em categorizá-la, os praticantes frequentemente colocam-na em sua própria categoria: Parkour é Parkour."
Um poderoso e espetacular filme de ação produzido pelo mago das grandes produções do cinema europeu, Luc Besson. Um filme com adrenalina na veia! Fugas espetaculares (por incrível que pareça, correndo), lutas impressionantes. É o tipo de filme feito na raça, sem ajuda de cabos e computação gráfica. Surpreendente!!!
Da concepção da idéia até a conclusão do filme foram necessários apenas 10 meses. Seu orçamento foi de 12 milhões de euros. O filme teve uma boa recepção, tanto que sua nota no IMDb é de 7,1. Teve uma continuação, chamada Ultimatum, lançada em fevereiro deste ano.
Curiosidade: no início do filme, aparece na televisão assistida por 2 criminosos que moram no prédio de Leïto uma novela de produção brasileira, na qual aparecem a atriz Regina Duarte e o ator Antônio Fagundes.
Quer assistir a um ótimo filme de ação mas cansou do circuito americano? Então está aí a sua deixa, com as legendas em português:


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domingo, 14 de junho de 2009

Groove (2000)

Groove (A Festa Rave, no Brasil) é o trabalho de estréia do diretor Greg Harrison, exibido no Festival de Sundance de 2000.
Um grupo de jovens londrinos decide organizar uma festinha indoor num galpão abandonado na região portuária de San Francisco. Um escritor de manuais técnicos, David Turner, é convidado para a festa por seu irmão, Colin Turner, que planeja um grande surpresa para sua namorada, Harmony. Relutante, David concorda em ir, mas acaba ficando chocado com o que vê. Levados pela farra e orgia, David e Colin vivem uma noite que transforma suas vidas para sempre. Enquanto Colin planeja pedir sua namorada em casamento David terá idéias para escrever coisas nunca imaginadas antes.
Estamos no começo dos anos 90 e as festas do tipo, as famosas e incipientes raves, eram proibidas pelas autoridades e portanto rolavam na maior clandestinidade. Doidões, traficantes, amantes de música eletrônica e os adeptos pioneiros do movimento P.L.U.R. - “Peace, Love, Union and Respect” - desvendam o mapa secreto da festa para chegar ao local combinado e curtir a quebradeira electro-club que viria a inspirar as celebrações de PSY pelo planeta afora dali pra frente. De resto, pra incrementar a trama, rolam aquelas coisas normais que agitam toda festinha que se preza: mulheres tirando a roupa, overdose de drogas sintéticas, sexo explícito no chillout e uma invasão policial para estragar tudo.
San Francisco tem tradição histórica de ser o epicentro de várias subculturas. Depois dos gays, hippies e dos dot-comers, San Francisco é também a meca da música Techno e paraíso das raves. Greg Harrison resolveu tomar para si a missão pessoal de explicar para o resto do mundo o que acontece numa rave. Como frequentador da cena underground de San Francisco há anos, ele escolheu para seu primeiro filme um formato entre documentário e ficção. Sem a intenção de influenciar, moralizar ou fingir que o mundo underground é habitado somente por bons moços, Greg resolve contar a história de vários ravers em uma única noite. Não há personagens principais, mas figuras que quem frequenta as festas vai reconhecer. Há personagens óbvios como o DJ iniciante, a maria-pickup e a clubber profissional que passou as férias em Ibiza. Além, claro, dos clubber-kids com bichos de pelúcia. Vários DJs convidados e figurinhas reais da noite de San Francisco e da cena internacional também participam. Estes são os personagens que mostram o submundo rave, do insucesso ao sucesso de um DJ, da badtrip à gastação de uma primeira onda, do tédio existencial britânico à descoberta de novas possibilidades de entretenimento.
O filme promete ser interessante tanto para quem curte a cena quanto para quem a faz, então é só baixar e assistir com legendas em português (legendas que, apesar de não constar nos créditos, foram traduzidas com muito esforço por nosso colega Rafinha). E assista com volume alto, porque a trilha sonora detona!


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domingo, 7 de junho de 2009

Anklaget (2005)

Anklaget é um drama dinamarquês que conta a história de Henrik e Nina Christofferson. Eles aparentemente são uma famí­lia normal que vive feliz. Mas eles têm um problema. Sua filha de 14 anos, Stine, é problemática e atravessa uma fase difí­cil, se isolando de todos cada vez mais. O que parece típica birra de aborrescente toma um rumo sinistro quando a psicóloga da escola chama as autoridades para prender Henrik: Stine o acusou de tê-la abusado sexualmente, e o leva até a Justiça por isso, fazendo sua famí­lia entrar em profunda crise. Henrik poderia ter feito mesmo aquilo? Culpado ou não, de toda forma ele já tem sua reputação, sua moral e sua vida destruí­das. E mesmo tentando uma reconciliação, um lado negativo da famí­lia foi exposto de forma definitiva.
Um belo e premiado drama dinamarquês que mexe com tabus e preconceitos.
Em Anklaget, ou Accused, seu título internacional ou ainda Acusado, no Brasil, de Jacob Thuesen (que esteve na Seleção Oficial do Festival de Berlim 2005), o espectador se vê em confronto com um trabalho sólido e muito bem resolvido. Desde o primeiro plano do filme fica evidente a segura mão de seu diretor. Uma direção de câmera muito bem construída, sempre em prol da narrativa e de extrair de seus personagens todo e qualquer sentimento que seja transposto pelas situações vivenciadas na grande tela. Por sua vez, a direção de elenco é extremamente bem sucedida. Todos os atores conseguem imprimir a carga dramática necessária ao seu respectivo personagem. Com destaque especial para Troels Lyby que faz o papel do pai. Este sabe incorporar com precisão e de maneira contida e fria, o drama vivenciado por seu personagem. É como se o dilema vivenciado pelo protagonista fosse compartilhado pelo espectador e também vivenciado por este. É notório destacar que a culpa que aflora dentro do personagem, cresce de maneira lenta e contida – assim como as descobertas feitas pelo espectador.
O diretor Jacob Thuesen cria em cima do roteiro um filme gélido, parte melancólico, parte assustador, injetando no drama de classe média uma boa dose de crítica à sociedade e ao sistema legal. A dramaturgia de Anklaget é impecável, com situações dramáticas intensas apoiadas em diálogos mordazes e observadores que soam absolutamente naturais na boca de seus intérpretes, e um roteiro intensamente eficiente.
Com 7,1 no IMDb, não tem desculpa para não assistir a esse filmaço com legendas em português...

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sábado, 30 de maio de 2009

Go (1999)

Durante a época do Natal em Los Angeles, Ronna Martin e Simon Baines trabalham em um supermercado. Ronna está com o aluguel atrasado e vai ser despejada, enquanto Simon está morrendo de vontade de ir para Las Vegas com três amigos. Desesperada para conseguir dinheiro, ela aceita cobrir o turno de Simon enquanto ele está fora. Surgem então Adam e Zack, dois atores de televisão que querem comprar 20 doses de ecstasy e dizem que usavam Baines como intermediário. Eles pedem a ela que consiga a droga. Ronna vê que é uma chance de entrar na jogada, intermediando a compra e assim ganhando o suficiente para não ser despejada, mas as coisas não saem como planejado. Essa não é apenas outra noite na vida desses personagens incomuns. Eles estão a ponto de embarcar numa louca viagem que só vai ter fim com o nascer do sol.
Inicialmente o roteirista John August havia idealizado Go para ser apenas um curta-metragem, mostrando a história de Ronna. Com a decisão de transformá-lo em um longa-metragem o roteirista resolveu então por inserir os trechos de Simon, para explicar o porquê dele ter ido a Las Vegas, e um com Adam e Zack, para mostrar quem eles eram.
Go, chamado de Vamos Nessa no Brasil, teve orçamento de US$ 6,5 milhões. Sua nota no IMDb é 7,3. Este alucinante sucesso do diretor Doug Liman celebra o estilo de Tarantino, apresentando uma vibrante trilha sonora e surpreendentes atuações.
A ação de Go se desenrola durante 24 horas. Partindo de uma noite de Natal em Los Angeles, a narrativa se divide em três segmentos, que são interligados de forma plausível. O filme não mergulha na violência gratuita – apesar de prestar tributo a Tarantino. O espectador é inserido no badalado cenário das raves, com direito a música eletrônica e droga. Viagens de ecstasy ainda rendem seqüências divertidas.
Curto, cheio de pérolas pop aceleradas na trilha sonora e boas sacadas do roteirista John August, Go é uma comédia com índice alto de adrenalina, que não deseja mais do que divertir a platéia, e o faz de maneira original e inteligente. É o típico filme de baixo orçamento que justifica cada centavo investido com energia, boas atuações do elenco e ótimas piadas. Para rir até rachar o bico. Quer assistir? Então aproveite, porque o filme já vem com legendas em português!

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domingo, 24 de maio de 2009

Maria Full of Grace (2004)

Maria vive numa pequena localidade ao norte de Bogotá, na Colômbia. É uma jovem corajosa, rebelde e cheia de vida. Mas como muitos em seu país, ela vive numa condição de miséria e exploração. Seu trabalho é tirar espinhos de rosas para exportação, tarefa entediante que obedece a regras rígidas. Através dele ela precisa sustentar sua família sozinha. Morando em uma vila antiga e em uma casa pequena ela acaba ficando grávida de um namorado que não ama. Certo dia, pouco depois de descobrir que está grávida, ela se envolve numa discussão e é demitida.
Com apenas 17 anos, Maria não consegue enxergar seu futuro. Num rompante de ousadia, ela desafia o mundo em que vive mas ao qual não pertence, e se embrenha numa aventura perigosa. Decidida a melhorar de vida e tentar a sorte na cidade grande, a jovem aceita a oferta de um conhecido: transportar heroína para Nova York em seu próprio estômago.
A realidade social colombiana é retratada neste filme através do relato de uma vida, a de Maria, que poderia ser a de muitos jovens colombianos que, perante a situação do país, procuram desesperadamente fugir da miséria em que se enterram. Maria Full of Grace mostra com uma honestidade desconcertante “o outro lado da moeda do sonho americano” e o que pessoas como Maria fazem para tentar resgatar sua dignidade e conquistar seus sonhos.
História intensa por sua própria natureza, Maria Full of Grace é narrado desde uma perspectiva solidária com sua protagonista. Passamos o filme todo torcendo por Maria, cientes de sua decência humana e querendo protegê-la das consequências de seus erros.
Falada em espanhol, Maria Full of Grace (Maria Cheia de Graça, no Brasil) é uma co-produção Colômbia/EUA que recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz 2005. Maria é interpretada por Catalina Sandino Moreno, primeira colombiana indicada ao Oscar.
O roteirista e diretor Joshua Marston criou um retrato convincente do desespero provocado pela miséria. Fazer um filme sobre esta temática sem cair no melodrama ou em falsos moralismos não é tarefa fácil, mas Marston o consegue com uma história pungente e interpretações convincentes, sóbrias e contidas. Estes são alguns dos fatores que ajudam a explicar o fato deste filme ser um verdadeiro fenômeno em termos de crítica. Não é à toa que sua nota no IMDb é 7,6.
Quer conferir? Clique então para assistir com legendas em português!

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Bom Yeoreum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom (2003)

Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring, do diretor sul-coreano Kim Ki-Duk, é fantástico, um filme de takes longos, uma fotografia excepcional. Um filme com pouquíssimos diálogos, tendo nos olhares, gestos e situações, a residência do necessário para que você extraia a mensagem. O filme conta a história de um velho monge budista e seu aluno. Conforme as estações do ano passam, a vida prossegue seu ritmo natural chocando-se com as tradições e ensinamentos, de uma forma ou outra, toda a natureza demonstrará-se em sua potência e beleza, compondo uma belíssima meditação sobre a vida, a morte e a harmonia.
À medida em que as estações se sucedem, todos os aspectos das suas vidas são insuflados com uma intensidade que conduz ambos a uma enorme espiritualidade - e à tragédia, porque também eles não conseguem resistir à escalada da vida, aos anseios, sofrimentos e às paixões que nos arrebatam a todos. Sob o olhar atento do velho monge, o aluno experimenta a perda da inocência quando as brincadeiras se transformam em crueldade...o despertar do amor quando uma mulher entra no seu mundo fechado...o poder assassino do ciúme e da obsessão...o preço da redenção...a iluminação da experiência.
Conhecido no Brasil como Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera e internacionalmente como Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring, tem uma fantástica nota no IMDb de 8,1.
Sublime, humorado, corajoso e transcendental. É uma referência ao Samsara, o ciclo eterno de nascimentos e mortes ao qual a entidade viva está submetida, enquanto estiver sob o domínio do próprio karma, que a mantém cativa, aprisionada na existência material. Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera significam nascimento, maturidade, envelhecimento, morte... e renascimento. Um grande filme, que nos transmite a simplicidade da existência humana, que só é possível através da verdadeira sabedoria: A sabedoria espiritual.
Qualquer ser humano, por mais puro que seja, está incondicionalmente inserido em um mundo onde há desejos, sofrimentos, paixões, instintos e ambições. Ninguém é indiferente ao poder natural das quatro estações e do seu ciclo natural de nascimento, crescimento e declínio. É um filme extremamente profundo e abstrato.
Um filme de uma beleza e sensibilidade fora do comum...uma obra prima. Quer assistir? Então aproveite, porque o filme acompanha legendas em português!

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sábado, 23 de maio de 2009

Bin-jip (2004)

Um jovem vagabundo invade a casa de estranhos e mora nelas enquanto os donos estão fora. Para pagar a estadia ele realiza pequenos consertos ou faz limpeza na casa. Ele costuma ficar um ou dois dias em cada lugar, trocando de casa constantemente. Até que um dia encontra uma bela mulher em uma mansão, que assim como ele também está tentando escapar da vida que leva. A fim de escapar do casamento infeliz e a vida vazia, ela se une ao novo amigo e, sem trocar palavras, a dupla passa a invadir outras casas.
Bin-jip, conhecido internacionalmente como 3-iron e como A Casa Vazia no Brasil, é uma produção coreana dirigida por Kim Ki-Duk que recebeu 3 premiações no Festival de Veneza 2004. Além disso tem nota de 8,0 no IMDb.
O roteiro de Bin-jip foi escrito em apenas um mês, as filmagens ocorreram em apenas 16 dias e a edição do filme foi concluída em 10 dias.
Bin-jip é um filme que vai agradar principalmente ao amantes do bom cinema, que estão cansados de cinema pipoca e auto-explicativos. E vai ser recebido com estranheza por quem quer tudo demasiadamente mastigado, pois não nos entrega tudo em mãos.
Maravilhoso, sensacional, espetacular. Bin-jip é um dos mais surpreendentes filme realizado nos ultimos anos, e nos trás a premissa maior do cinema, falar através de imagens, de maneira magnífica diga-se de passagem. É incrivelmente bem feito. Sem grandiosidades, conquista pela simplicidade.
Se usa pouco as palavras nesse filme. Se mostra mais com as ações. É tenso, as vezes revoltante, as vezes engraçado. Um filme acima de tudo sério. Que fala de amor, de relações humanas, de submissão. No cinema de Kim Ki-Duk, temos que buscar mais pelas imagens e pelos sinais que pelas palavras.
Quer assistir a essa poesia em forma de filme? O torrent já inclui as legendas em português, ok?