terça-feira, 30 de junho de 2009

Dare Mo Shiranai (2004)

A pretexto de buscar a sua própria felicidade, uma mãe pode abandonar seus quatro filhos?
Um caso real ocorrido em 1988 em Tóquio – que ficou conhecido como “os quatro abandonados de Nishi-Sugamo” - é o tema do filme Dare Mo Shiranai (Ninguém Pode Saber, no Brasil, e Nobody Knows, título internacional), do diretor japonês Hirokazu Koreeda. O fato, que comoveu a opinião pública na época, aconteceu com uma família de classe média baixa em dificuldades.
Quatro irmãos mudam-se com sua mãe para um pequeno apartamento em Tóquio. A mulher é mãe solteira, os filhos têm pais diferentes que não assumiram os filhos e as crianças sequer estão matriculadas numa escola. Quando a mãe alugou o apartamento, apresentou ao proprietário apenas o filho mais velho, de 12 anos, Akira, já que não eram aceitas famílias com mais de três pessoas no prédio. Apenas ele entra caminhando normalmente no novo apartamento, com os outros chegando escondidos em malas. Ninguém pode ficar sabendo que mais de três pessoas vivem ali, sob o risco de serem despejados. Tudo vai bem até que, um certo dia, a mãe vai embora, deixando para Akira um bilhete e um pouco de dinheiro. Começa então o duro processo de amadurecimento precoce de Akira. Eles, temendo serem separados, durante seis meses fingem que nada aconteceu e continuam tentando sobreviver no pequeno apartamento onde a família morava.
Narrado em tom documental, o filme é perturbador. Seguindo a cronologia das estações do ano, Hirokazu vai mostrando a degradação física das crianças abandonadas pela mãe. À medida que elas crescem vão ficando mais magras e sujas, vivendo num local que se aproxima cada vez mais de um chiqueiro, sem água, sem luz e sem gás, cortados por falta de pagamento. A comparação com situações vividas por outras crianças no Japão e em outros lugares do mundo é inevitável.
Hirokazu é mais um cineasta que utiliza sua câmera para contar histórias e ao mesmo tempo denunciar a injustiça e a ausência de valores básicos no mundo de hoje, cada vez mais desumano, insensível e egoísta. Evitando sentimentalismos e investindo na sutileza, ele não quer mostrar apenas a degradação dos valores na nossa cultura atualmente, mas também ressaltar a riqueza da relação entre os irmãos , que ao lado do medo e da tristeza, mantiveram durante todo o tempo fortes laços de compreensão e solidariedade.
A interpretação do personagem Akira deu ao jovem Yagira Yuya o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 2004, onde o filme concorreu à Palma de Ouro.
Com 8,1 no IMDb, Dare Mo Shiranai é um drama devastador, emotivo e envolvente. E é claro, você o encontra aqui, com legendas em português...

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Banlieue 13 (2004)

Banlieue 13 (ou B13 - 13º Distrito, no Brasil) é um filme de ação francês. A história se passa no subúrbio de Paris, no ano de 2010. O bairro é abandonado pelas autoridades, teve suas escolas fechadas e com o intuito de combater a criminalidade, foi construído um muro ao seu redor, sob autorização do governo federal. Ninguém consegue controlar o 13º Distrito, dominado pela criminalidade, tráfico de drogas e inclusive corrupção policial.
Damien faz parte da elite da polícia, e o governo entrega-lhe a missão mais difícil da sua carreira: uma arma de destruição em massa foi desviada pela gangue mais poderosa do 13º Distrito, e ele terá que se infiltrar no local mais perigoso da cidade para desativar e recuperar o artefato. Damien vai aliar-se a Leïto, cujo objetivo é salvar a sua irmã que caiu também nas mãos dessa gangue, e é o único a conhecer o bairro nos seus mais perigosos recantos.
David Belle, que interpreta Leïto, traz nesse filme com muita ação a arte do Le Parkour para o público mundial. Mas o que é Parkour? Ele, que é fundador da arte, assim define: "Parkour é uma atividade física que é difícil de categorizar. Não é um esporte radical, mas uma arte ou disciplina que assemelha-se à auto-defesa nas artes marciais. O espírito no Parkour é guiado em parte a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência. Você deve se mover de tal maneira, com quaisquer movimentos, para ajudá-lo a ganhar mais base possível de alguém ou em alguma coisa, quer seja escapando daquilo ou caçando em direção a isso. Assim, havendo uma confrontação hostil com uma pessoa, você terá que conversar, lutar ou esquivar. Como as artes marciais são uma forma de treinamento para a luta, Parkour é uma forma de treinamento para a fuga. Devido a dificuldade em categorizá-la, os praticantes frequentemente colocam-na em sua própria categoria: Parkour é Parkour."
Um poderoso e espetacular filme de ação produzido pelo mago das grandes produções do cinema europeu, Luc Besson. Um filme com adrenalina na veia! Fugas espetaculares (por incrível que pareça, correndo), lutas impressionantes. É o tipo de filme feito na raça, sem ajuda de cabos e computação gráfica. Surpreendente!!!
Da concepção da idéia até a conclusão do filme foram necessários apenas 10 meses. Seu orçamento foi de 12 milhões de euros. O filme teve uma boa recepção, tanto que sua nota no IMDb é de 7,1. Teve uma continuação, chamada Ultimatum, lançada em fevereiro deste ano.
Curiosidade: no início do filme, aparece na televisão assistida por 2 criminosos que moram no prédio de Leïto uma novela de produção brasileira, na qual aparecem a atriz Regina Duarte e o ator Antônio Fagundes.
Quer assistir a um ótimo filme de ação mas cansou do circuito americano? Então está aí a sua deixa, com as legendas em português:


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domingo, 14 de junho de 2009

Groove (2000)

Groove (A Festa Rave, no Brasil) é o trabalho de estréia do diretor Greg Harrison, exibido no Festival de Sundance de 2000.
Um grupo de jovens londrinos decide organizar uma festinha indoor num galpão abandonado na região portuária de San Francisco. Um escritor de manuais técnicos, David Turner, é convidado para a festa por seu irmão, Colin Turner, que planeja um grande surpresa para sua namorada, Harmony. Relutante, David concorda em ir, mas acaba ficando chocado com o que vê. Levados pela farra e orgia, David e Colin vivem uma noite que transforma suas vidas para sempre. Enquanto Colin planeja pedir sua namorada em casamento David terá idéias para escrever coisas nunca imaginadas antes.
Estamos no começo dos anos 90 e as festas do tipo, as famosas e incipientes raves, eram proibidas pelas autoridades e portanto rolavam na maior clandestinidade. Doidões, traficantes, amantes de música eletrônica e os adeptos pioneiros do movimento P.L.U.R. - “Peace, Love, Union and Respect” - desvendam o mapa secreto da festa para chegar ao local combinado e curtir a quebradeira electro-club que viria a inspirar as celebrações de PSY pelo planeta afora dali pra frente. De resto, pra incrementar a trama, rolam aquelas coisas normais que agitam toda festinha que se preza: mulheres tirando a roupa, overdose de drogas sintéticas, sexo explícito no chillout e uma invasão policial para estragar tudo.
San Francisco tem tradição histórica de ser o epicentro de várias subculturas. Depois dos gays, hippies e dos dot-comers, San Francisco é também a meca da música Techno e paraíso das raves. Greg Harrison resolveu tomar para si a missão pessoal de explicar para o resto do mundo o que acontece numa rave. Como frequentador da cena underground de San Francisco há anos, ele escolheu para seu primeiro filme um formato entre documentário e ficção. Sem a intenção de influenciar, moralizar ou fingir que o mundo underground é habitado somente por bons moços, Greg resolve contar a história de vários ravers em uma única noite. Não há personagens principais, mas figuras que quem frequenta as festas vai reconhecer. Há personagens óbvios como o DJ iniciante, a maria-pickup e a clubber profissional que passou as férias em Ibiza. Além, claro, dos clubber-kids com bichos de pelúcia. Vários DJs convidados e figurinhas reais da noite de San Francisco e da cena internacional também participam. Estes são os personagens que mostram o submundo rave, do insucesso ao sucesso de um DJ, da badtrip à gastação de uma primeira onda, do tédio existencial britânico à descoberta de novas possibilidades de entretenimento.
O filme promete ser interessante tanto para quem curte a cena quanto para quem a faz, então é só baixar e assistir com legendas em português (legendas que, apesar de não constar nos créditos, foram traduzidas com muito esforço por nosso colega Rafinha). E assista com volume alto, porque a trilha sonora detona!


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domingo, 7 de junho de 2009

Anklaget (2005)

Anklaget é um drama dinamarquês que conta a história de Henrik e Nina Christofferson. Eles aparentemente são uma famí­lia normal que vive feliz. Mas eles têm um problema. Sua filha de 14 anos, Stine, é problemática e atravessa uma fase difí­cil, se isolando de todos cada vez mais. O que parece típica birra de aborrescente toma um rumo sinistro quando a psicóloga da escola chama as autoridades para prender Henrik: Stine o acusou de tê-la abusado sexualmente, e o leva até a Justiça por isso, fazendo sua famí­lia entrar em profunda crise. Henrik poderia ter feito mesmo aquilo? Culpado ou não, de toda forma ele já tem sua reputação, sua moral e sua vida destruí­das. E mesmo tentando uma reconciliação, um lado negativo da famí­lia foi exposto de forma definitiva.
Um belo e premiado drama dinamarquês que mexe com tabus e preconceitos.
Em Anklaget, ou Accused, seu título internacional ou ainda Acusado, no Brasil, de Jacob Thuesen (que esteve na Seleção Oficial do Festival de Berlim 2005), o espectador se vê em confronto com um trabalho sólido e muito bem resolvido. Desde o primeiro plano do filme fica evidente a segura mão de seu diretor. Uma direção de câmera muito bem construída, sempre em prol da narrativa e de extrair de seus personagens todo e qualquer sentimento que seja transposto pelas situações vivenciadas na grande tela. Por sua vez, a direção de elenco é extremamente bem sucedida. Todos os atores conseguem imprimir a carga dramática necessária ao seu respectivo personagem. Com destaque especial para Troels Lyby que faz o papel do pai. Este sabe incorporar com precisão e de maneira contida e fria, o drama vivenciado por seu personagem. É como se o dilema vivenciado pelo protagonista fosse compartilhado pelo espectador e também vivenciado por este. É notório destacar que a culpa que aflora dentro do personagem, cresce de maneira lenta e contida – assim como as descobertas feitas pelo espectador.
O diretor Jacob Thuesen cria em cima do roteiro um filme gélido, parte melancólico, parte assustador, injetando no drama de classe média uma boa dose de crítica à sociedade e ao sistema legal. A dramaturgia de Anklaget é impecável, com situações dramáticas intensas apoiadas em diálogos mordazes e observadores que soam absolutamente naturais na boca de seus intérpretes, e um roteiro intensamente eficiente.
Com 7,1 no IMDb, não tem desculpa para não assistir a esse filmaço com legendas em português...

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