sábado, 7 de março de 2009

Coisa Ruim (2006)

Coisa Ruim é um filme português, dirigido por Tiago Guedes e Frederico Serra, que fala sobre possessão demoníaca, explorando crenças, superstições, ceticismos, medos e desconfianças, no contexto de uma pequena aldeia. Tem sido considerado o primeiro filme de terror de Portugal.
Uma família sai de Lisboa em busca da tranqüilidade da vida no campo. Vai viver numa casa, no meio do nada, recebida como herança. Trazem, entre as tralhas acumuladas pelo tempo, a insatisfação dos filhos, que lá não querem viver. São 3, um ainda criança, uma jovem com um filho pequeno no colo e um rapaz que resolve viver sozinho na cidade e não acompanhar os pais. Enquanto adentram no clima opressivo daquela casa, que muitos habitantes do pequeno vilarejo dizem ser assombrada, embarcam também numa particular jornada de auto-conhecimento. Contudo, já terá o mal habitado algum coração da família?
Este filme ganhou a fama de adentrar em um gênero que não é comum a produção de longa-metragens portugueses, o do terror. Contudo, não é difícil peceber que Coisa Ruim não é bem, na verdade, um filme que pertence à este estilo: apesar de o argumento apoiar suas linhas básicas em uma história que possui características muito comuns ao terror, tanto a forma como esta temática foi desenvolvida e aprofundada pelo roteirista, bem como a abordagem dada pelos diretores afasta Coisa Ruim do parentesco com este gênero do que o aproximam dele: a condução lenta, onde os acontecimentos tomam lugar de forma vagarosa, evitando a todo custo o artifício do repentino, um dos traços mais emblemáticos do terror, o modo como as feições do sobrenatural e fantástico da história são explorados de forma comedida, dificilmente assumindo a dianteira nas cenas, a utilização de uma trilha sonora atípica, que com distorções de guitarra e baixo faz algo bastante diverso do obtido com a tão usual orquestração de cordas, tudo aqui contribui para tornar este um “filme de terror” que se recusa a sê-lo de todo. Talvez, o grande mérito de Coisa Ruim esteja justamente neste ponto: apesar do bom desempenho dos atores - muito naturais em seus papéis - do roteiro sóbrio - que faz boa inserção de crendices e lendas no decorrer dos eventos retratados - e da direção competente - que explora bem os cenários naturais e faz uso econômico tanto do enquadramento quanto do movimento de câmera - nunca alcançarem níveis de excelência e sublimação que o tornassem um longa-metragem excepcional, a já citada atipicidade dos artifícios nele utilizados e da abordagem dada à uma história desta natureza, que impedem o seu enquadramento e agrupamento à um gênero em particular, é que foram responsáveis pela sua popularidade insólita, pela recepção tão positiva por crítica e público. É isto que faz de Coisa Ruim um filme a ser visto: essa sua simplicidade trabalha a favor do seu caráter extremamente incomum.
Coisa Ruim abriu o festival de cinema fantástico do Porto, Fastasporto, em 2006. Também foi um dos fortes concorrentes a ser indicado como filme português ao Oscar de filme estrangeiro, tendo perdido para "Alice". Arrancou excelentes críticas.
Coisa Ruim pode não ser brilhante, mas com certeza prende e tem um altíssimo nível de produção. Só isso vale a entrada.
E o melhor: esse não precisa de legendas...

torrent

3 comentários:

Anônimo disse...

Vi esse pequeno-grande filme no meio do ano passado. Consegue construir várias originalidades mesmo em cima do que se poderia esperar de clichês do gênero. Impecável e intrigante.

Elton disse...

Cenas Fortes. esqueça qualquer piada de portugês neste filme, aqui nós vemos que o cinema europeu também engloba a terrinha. Cenas fortes, estórias tristes e imagens que causam um pavor psicológico que é mais pessoal que qualquer outro filme que tenha visto-um terror só seu.

Anônimo disse...

precisa de legenda...esse português de Portugal parece russo, não dá pra entender nada